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Existe uma dificuldade gritante para enxergar a misoginia no futebol. Muitos até são capazes de ver a homofobia quando ela se manifesta, mas a misoginia passa batida. Lyanco, o competente zagueiro do Galo, fez uma postagem de cunho altamente misógino depois da derrota para o Cruzeiro, mas apenas a camada da homofobia foi percebida pela maior parte dos analistas. A brilhante e precisa Luiza Oliveira, , foi quem apontou para o lugar certo: foi misoginia também. Essa foi a mensagem escrita com o ressentimento na ponta dos dedos por um mau perdedor que, durante o jogo, estava visivelmente descontrolado. Infantil, apequenada, tola, misógina e homofóbica. Dizer que alguém é mulher ou menina achando que com isso está colocando o outro em posição de submissão e diminuição é misoginia. A misoginia grita na mensagem de Lyanco, mas passou desapercebida. Misoginia é colocar tudo o que é da ordem do feminino em lugar de inferioridade. Simboliza o ódio ao feminino e o ódio às mulheres. Ela se manifesta no "enfrentar a vida como homem". Como que homem? Como um Bolsonaro? Como um Braga Neto? Vamos pablomarçalizar a vida, é isso? Um legendário, talvez. Subir montanhas e orar cercado por dezenas de outros machos. Como que homem? Como um homem viril, violento, que não se deixa atravessar? Que bobagem é essa? Dizer esse tipo de tolice é misoginia porque sugere que mulheres não sabem lidar com a vida. E, claro, depois disso a mensagem descamba para o vulgar e para o grotesco. A parte da homofobia está na mensagem de que, se são mulheres, então elas deveriam ser possuídas pelos machos do outro time. Os machos que, diga-se, levaram um baile em campo. Ou seja: tudo errado, delirante e amalucado. O Galo vai puni-lo? Duvido. Escrotizar mulher é aceitável no futebol. É até louvável. Ganha pontos com os parças. Acontece a todo o instante, em todos os lugares, dentro e fora do campo. A gente ama um esporte que nos detesta.