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Opinião Esporte De cartões corporativos a crimes financeiros: futebol precisa de proteção Andrei Kampff Colunista do UOL 16/10/2025 08h16 Deixe seu comentário Carregando player de áudio Ler resumo da notícia A cada novo escândalo que vem à tona no futebol brasileiro, uma velha lição precisa ser reaprendida: a integridade não é luxo, é necessidade. A denúncia do de Andres Sanches pelo Ministério Público de São Paulo, por suposto uso indevido de cartões corporativos do Cotinthians, é apenas mais um episódio que expõe a urgência de estruturas sólidas de governança e compliance nas entidades esportivas. Antes dele, o Cruzeiro viveu uma das maiores crises institucionais da história recente do futebol brasileiro. Ex-dirigentes tornaram-se réus em processos criminais que investigam irregularidades na gestão, uso indevido de recursos e falsificação de documentos. A ausência de controles internos e de mecanismos de integridade fez com que o clube acumulasse não só dívidas, mas também uma profunda desconfiança pública, que só começou a ser revertida recentemente com uma mudança radical na gestão do clube, inclusive com a migração para modelo empresarial. Mas talvez nenhum caso tenha deixado um recado tão contundente quanto o do Internacional. O clube gaúcho mostrou que, apesar de ter enfrentado sérias falhas de governança, foi capaz de reagir de forma institucional e exemplar. Dentro do próprio movimento esportivo, e sem intervenção estatal, o Inter instaurou investigações internas, afastou dirigentes, produziu relatórios técnicos e entregou documentos ao Ministério Público - que apresentou denúncia, culminando na condenação à prisão de ex-dirigentes por gestão temerária e desvio de recursos. Letícia Casado Para o centrão, ação de Eduardo esfriou a anistia PVC Os palpites para os três jogos de hoje do Brasilerão TixaNews Lula abre a boca e cria problemas Josias de Souza Congresso ameaça impor vexame ambiental a Lula O caso simboliza algo raro no futebol brasileiro: a autodepuração. O trabalho conjunto entre movimento privado e poder público na proteção da integridade esportiva. Uma entidade esportiva que reconhece seus erros, aplica seus estatutos, colabora com as autoridades e reafirma o valor da ética na gestão. O processo não foi simples, nem indolor, mas marcou um avanço civilizatório no modo como o esporte pode — e deve — se autorregular. As denúncias recentes de lavagem de dinheiro ligada ao PCC por meio de clubes e transferências de atletas ampliaram o alerta. O futebol, pela sua estrutura complexa e pelo grande volume de movimentações financeiras nacionais e internacionais, tornou-se um canal vulnerável à ocultação de valores ilícitos. Sem controles internos, due diligence e rastreabilidade de transações, o esporte pode ser usado - muitas vezes sem que seus dirigentes percebam por falta de controle interno - como instrumento de legitimação de recursos de origem criminosa. Esses episódios, embora distintos, compartilham um denominador comum: a ausência, em algum momento, de mecanismos efetivos de integridade. Em muitos clubes e federações, a gestão ainda depende da confiança pessoal, não de processos. E, quando a confiança é substituída por interesse, o sistema desaba. Um programa de compliance bem estruturado, com políticas claras de uso de recursos, canais de denúncia, regras de conflito de interesses, transparência orçamentária e auditorias independentes, não é apenas uma ferramenta de prevenção. É também um escudo institucional. Ele protege a entidade, seus dirigentes e seus torcedores, garantindo que o futebol não seja refém da má gestão ou da falta de controles. No futebol, a integridade é também um ativo econômico. Patrocinadores, investidores e até órgãos públicos buscam hoje clubes e federações que demonstrem governança, transparência e compromisso ético. É o que diferencia quem atrai recursos de quem se afunda em dívidas, desconfiança e processos judiciais. Continua após a publicidade Casos como os do Corinthians, Cruzeiro e Internacional deveriam servir de alerta, não de exceção. A cultura do "sempre foi assim" não sobrevive num ambiente cada vez mais profissionalizado e fiscalizado. Como costumo dizer, compliance não é mais apenas um compromisso moral ou uma exigência legal. É uma oportunidade de captação de recursos, mas, acima de tudo, é uma questão de sobrevivência institucional. Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo Este conteúdo tem o patrocínio do Rei do Pitaco. Seja um rei, seja o Rei do Pitaco. Acesse: www.reidopitaco.com.br . Opinião Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados. ** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL Comunicar erro Deixe seu comentário Veja também Deixe seu comentário O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL. UOL Flash Acesse o UOL Flash Receba novos posts de Lei em Campo por email Informe seu email Quero receber As mais lidas agora Com 10 mil soldados, Trump deixa América Latina em estado de alerta máximo Polícia investiga vazamento do vídeo de noiva flagrada na casa de padre Brasil e EUA fazem hoje primeira reunião formal para rediscutir sanções Mudanças na CNH: autoescolas veem alunos sumirem antes mesmo de nova lei Chico Picadinho: o preso que há meio século vive em hospital de SP