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Análise dos Times

Fluminense

Principal

Motivo: O artigo critica veementemente a decisão do Fluminense de aderir ao modelo SAF, argumentando que isso prejudica a natureza social e democrática do clube.

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Palavras-Chave

Entidades Principais

fluminense saf empresa

Conteúdo Original

Um clube do tamanho do Fluminense não deveria virar SAF sob nenhuma circunstância. Virar SAF é inverter uma lógica perigosa: transformar clube em empresa que passa a ser orientado pela lógica do lucro e comandado por um proprietário - ou por um grupo proprietário - que atuará com as prerrogativas de mandos e desmandos de qualquer proprietário. Clube é propriedade comum. Restringir o processo democrático é golpe baixo. Deveríamos trabalhar para aumentá-lo e não para encolhê-lo. A quem interessa entregar o Fluminense à lógica empresarial? Xerém é um continente de possibilidades que podem ser usadas para fazer com que o clube seja saudável tecnica e financeiramente. A capacidade de o Fluminense gerar receita é imensa, e essa receita deveria sempre ser usada para incrementar as capacidades institucionais do clube: deixar Xerém ainda mais forte, construir times competitivos e capazes de fazer circular afeto. Time não é empresa, não tem que dar lucro, não existe para enriquecer pessoas que dizem amá-lo. Se o diagnóstico é o de que o atual modelo administrativo não está bom, ou pode melhorar, chamem à mesa tricolores notáveis e pensem em soluções que alarguem o ambiente do comum em vez de limitá-lo. O neoliberalismo, a fase atual do capitalismo, é predador ao transformar tudo em empresa: escola, hospital, Igreja, estado, você e eu. As melhores coisas da vida não podem existir sob a doutrina do lucro. Tudo o que é social e comunitário precisa ser orientado pela lógica dos afetos. Isso não quer dizer existir deficitariamente, até porque alguns dos clubes mais deficitários no Brasil hoje são SAF. Quer apenas dizer que o dinheiro será todo reinvestido em nome da construção de uma camisa cada vez mais forte. A lei da SAF perdoa o clube por dívidas fiscais e trabalhistas, funcionando como um prêmio por gestões ruins. Não é justo, não é decente nem digno. Se existe a capacidade de dívidas serem perdoadas por que fazê-lo em nome de um empresário, prejudicando os cidadãos do Brasil, e não em nome de um clube social que existe há um século? A ideia de que as SAF são a única solução para que um clube passe a ser administrado profissionalmente é uma alucinação coletiva. E uma mentira. O bloqueio da nossa imaginação beneficia sempre os mesmos. Seria preciso saber dizer "não". Não aqui. Não com essa camisa.