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Só para assinantes Assine UOL Exclusivo Reportagem Esporte Bap aponta exclusão do Flamengo das decisões: 'Libra é palmeirense' Rodrigo Mattos Colunista do UOL 15/10/2025 05h30 Deixe seu comentário 0:00 / 0:00 Carregando player de áudio Ler resumo da notícia A disputa entre Flamengo e Libra se desenrola desde o início do ano quando o clube deixou claro que queria receber mais dentro do contrato da Globo para o Brasileiro. Os critérios de divisão da audiência, na época, estavam indefinidos, seguidas reuniões não levaram a um acordo. Resultado: o clube foi à Justiça para bloquear parte do dinheiro da TV (R$ 77 milhões). A discussão que ocorre na Justiça esquentou a temperatura entre os clubes. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, fez ataques ao Flamengo, assim como outros clubes da Libra emitiram notas oficiais com críticas. Em entrevista ao UOL , a primeira exclusiva em meio ao caso, o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, conta a versão do clube. Diz que o Rubro-Negro sempre foi excluído dentro da Libra, tentou negociar por nove meses um acordo, que não teve seu peso de mercado reconhecido. A entrevista teve trechos cortados para caber no formato, mas está na íntegra no youtube do UOL. Sakamoto PCC é 'fonte do veneno' em bebidas, mas Tarcísio nega Wálter Maierovitch O dia seguinte ao anúncio do fim da guerra em Gaza Fabiola Andrade O equívoco foi de Ancelotti na seleção PVC O fator que pode tirar Fabrício Bruno da Copa E põe em questionamento o equilíbrio dentro da Libra ao dizer que "é verde" por ter o mesmo advogado do próprio Palmeiras. Aponta que Leila Pereira só tem boa relação com quem concorda com tudo com ela. E chamou de tolice e infantil sua fala sobre o Flamengo jogar sozinho. Veja os principais trechos da entrevista: Sobre essa disputa entre Flamengo e Libra, existe a alegação de que o Flamengo é egoísta, que não pensa no coletivo. Como você vê quando são feitas essas afirmações? Olha, eu vejo que isso é muito mais uma narrativa para fora do que uma realidade. Vejo que essa discussão da liga já vem de algum tempo. Ela começou com o ex-presidente (Rodolfo Landim) aqui. Eu participei disso com ele quando começou, do conceito, da ideia de você discutir mais o futebol, porque é muito comum a gente ver dirigentes discutindo e reclamando do regulamento, da arbitragem, do processo convocatório dos jogadores, das janelas de Data Fifa. Isso acontecia antes da discussão e da concepção da Libra e da Liga Forte. Nesses dez meses que eu tenho tido contato com o pessoal da Libra, não houve uma única reunião onde se discutisse algum assunto na pauta sobre o futebol brasileiro. O Flamengo pediu para participar do comitê de integração com a Liga Forte e Palmeiras e São Paulo votaram contra. Então, quando você pensa em juntar Libra e Liga Forte, e você vê clubes que são, em tese, seus parceiros, acreditarem que o Flamengo não pode, ou não deve, ou eles não querem que participe de um comitê de união das ligas, quem é egoísta? Quem é excludente? Na verdade, são outros clubes que são excludentes ao Flamengo. O Flamengo nunca se negou a discutir e a participar de absolutamente nada. Esse comitê que vocês não puderam participar? Então, não é verdadeiro que o Flamengo não queira participar, sobre essa história de que o Flamengo é egoísta, O Flamengo abriu mão de meio bilhão de reais em cinco anos, sem nenhuma garantia de absolutamente nada. E os nossos parceiros não querem que a gente participe do comitê de integração com a Liga Forte. Então, você veja, tem uma narrativa. Na verdade, você tem um ou dois clubes querendo mandar e eles acham que o Flamengo vai ter um comportamento dócil e ficar a reboque. Eu tenho um compromisso, como presidente do Flamengo, de fazer o Flamengo se representar à altura. O que teve de proposta do Flamengo lá dentro (da Libra) era uma proposta de cadastro (do ppv), que o Flamengo ganharia algo como R$ 250 milhões. E hoje a projeção (da Libra), que é uma que a gente não tem certeza completa, mas seria de algo como R$ 200 milhões. Tem uma possibilidade de acordo de um meio-termo? Olha, nós tentamos isso durante oito meses. Eu acredito que eles só foram prestar atenção no pleito do Flamengo depois que a gente entrou na Justiça. Por que algumas coisas estão muito claras lá, que são favoráveis ao Flamengo, está preto no branco, a unanimidade, a mudança do critério, a falta de definição de qual era o mix que você colocaria numa fórmula eventual de audiência, estava muito claro, bastava ler o contrato. Então me surpreende muito a posição sectária e excludente que eles tiveram em relação ao Flamengo. Eles em momento nenhum quiseram discutir absolutamente nada, não fizeram nenhuma pergunta sobre nenhum detalhe de fórmula, Então havia uma discussão entre o Marcelo (Campos Pinto - representante do Flamengo) e o pessoal da Matos Projects (CEO da Libra) sobre cenários, e quando era apresentado para eles, assim, antes de a gente explicar, já tinha gente votando. Você nem falava o que você queria, já tinha gente votando contra. Nós tentamos, durante oito meses, chegar a um acordo com eles sobre cenários. Então, se não se chegou a um acordo sobre isso, não foi por uma falta de vontade do Flamengo, nesse sentido, muito pelo contrário. Eles apostaram o tempo inteiro de que o Flamengo acabaria concordando, ainda que houvesse uma lacuna claríssima que a gente está endereçando agora, qual seja a discussão sobre a partilha dos 30% que havia remanescente. Assim, o Flamengo sempre esteve aberto à discussão, mas neste estágio que nós estamos, você pode ter certeza que a vontade do Flamengo hoje é diferente da vontade do Flamengo durante esses oito, nove meses. Nós agora entendemos que pode haver um acordo. Por mais. Em algum momento vocês apresentaram essa questão da lacuna, "Oh, tem uma lacuna aqui no critério e tal"? Durante meses. E qual era a resposta? Não havia resposta, não havia contra argumentação. O que havia era uma discussão com a equipe do Silvio Matos, né? E tanto é que eles ofereceram cinco cenários diferentes. Ora, quem oferece cinco cenários pra discussão de uma fórmula é porque não tinha fórmula nenhuma estabelecida. Continua após a publicidade Então, nessa negociação ruim que você falou do contrato, Bap, aí eu vou voltar à reunião que a gente teve no Conselho Deliberativo (do Flamengo) quando aprovou. A informação que eu tenho é que você tinha apontado internamente os problemas no contrato, mas quando você fez o discurso no Conselho, você fez um discurso que não era crítico à aprovação. Por que você não se posicionou contra? É uma ótima pergunta. Primeiro é o seguinte, os detalhes todos não estavam colocados à mesa. Eles disseram: "Nós vamos negociar os detalhes a posteriori". Número um. Número dois, o Flamengo abriu mão de poderes que ele tinha numa audiência depois, numa assembleia da Libra, no dia 6 de setembro (2024), que foi depois daqui de abril. Então, o que foi aprovado junto ao conselho, em abril daquele ano, era um pedaço do acordo. Não era o acordo total, não tinha claramente uma cláusula de divisão de recursos, não ficava explicitado como é que seria encarado o conceito da lei do mandante. Então, assim, e o que foi apresentado no Conselho era um valor de dinheiro maior do que a gente tem hoje. Eram R$ 220 milhões, salvo engano. Era alguma coisa assim, era mais do que isso. Não, era 225. É isso. E dizia o seguinte, e olha, "Nós estamos sendo conservadores, vai ser mais". Cara, o Flamengo depois disso negociou o contrato e negociou detalhes e não voltou para o Conselho. Outra coisa é o seguinte, Flamengo participar da Libra, o que o Conselho aprovou, foi um contrato de dinheiro da Globo. A parte que está dando problema depois é a parte de como ia ser dividido na Libra. O que o Flamengo aceitou de mudança depois na Assembleia do dia 6 de setembro é inaceitável. O Flamengo abriu mão de mais direitos, não sei a troco de que. E para uma negociação futura, né, 2030, porque você já falou assim, tem essa coisa, já podem excluir o Flamengo da Libra e tal, você vê alguma possibilidade? Do contrato não parece que é possível, né? Porque até está assinado. Enfim, mas você vê alguma possibilidade de exclusão por parte dos outros clubes do Flamengo da Libra? E como ficaria essa situação? Porque seria uma situação meio... Talvez uma lacuna jurídica, porque ele ia estar num contrato, mas não participando. O Flamengo nunca pretendeu sair da Libra. Se a gente pretendesse sair da Libra, eu tinha tomado essa decisão em janeiro desse ano. Ou em fevereiro desse ano, ou em março desse ano, ou em abril desse ano, ou até agosto, na última Assembleia. Nós tentamos de todas as formas pacificar esse assunto, porque nós entendemos que os clubes juntos, eles são mais fortes. (...) Se a Libra tem interesse de votar pela saída do Flamengo, esse é um assunto material. Nós também não vamos dar unanimidade a isso. Vou voltar numa declaração que você falou sobre os dois que mandam na Liga. Acho que você estava se referindo ao Palmeiras e ao São Paulo. Como que é a relação desde que você entrou com o Casares e com a Leila dentro dessa constituição da Libra? A relação com a Leila era muito boa até um determinado momento desse ano. Assim, a relação com a Leila é ótima quando você concorda com tudo que ela quer. Aí a relação é muito boa. Tá certo? Com o Casares, a gente tem uma relação pessoal, de empatia, e da gente se dar bem de longa data. Tivemos um ou outro estresse aqui, acolá, por causa desse processo que a gente falou. Esse processo dentro da Libra? Eu acho que a discordância em relação a alguns pontos fez com que a gente tivesse momentos de maior tensão ali dentro, com os dois. Mas eu acho que, no caso do Casares, eu sempre tive uma relação ótima com ele. Vem de longa data, entendeu? Então, veja, assim, não é uma relação, do ponto de vista pessoal, ruim. É só uma discordância em relação a uma forma de divisão. E foi potencializado por uma pessoa, isoladamente, que, de alguma maneira, acha que vai mandar na Libra como se fosse dela o negócio. O negócio não é dela. Você está falando da Leila? É isso. Então é o seguinte, a gente tem que aprender a concordar e discordar na vida. Quem discorda de você não é necessariamente seu inimigo. Então, assim, e agora eu entendo. Venho de uma formação executiva de construção de valor em um negócio que fui aprendendo ao longo da minha vida profissional de que, olha, você não concordar não faz de você o inimigo dos outros. Continua após a publicidade E essas declarações da Leila? Ela falou em terraflanistas, como se tivesse uma realidade paralela, disse que ia jogar sozinho, esse tipo de coisa. Como é que você viu isso daí? Eu acho que é uma declaração infantil. Tentando colocar uma coisa que não é viável. Não existe isso. Quem é que discutiu que quer estar separado? Rodrigo, eu vou repetir pra todo mundo, o Flamengo quer ficar na Libra. O Flamengo nunca discutiu, o Flamengo nunca aventou a possibilidade de sair. O Flamengo, muito antes de todo esse pessoal, defendeu a lei do mandante que trazia pra todos os clubes um valor que eles não tinham até então. Então o Flamengo, muito pelo contrário, o Flamengo foi generoso demais neste processo, pensando na consecução de uma liga futura. Agora, alguns só pensam em dinheiro, pensam em tirar vantagem, dedicam mais tempo e energia a aparecer em público, a propagar o seu ego do que, de alguma forma, em trabalhar pelo interesse coletivo. As coisas são como são. Você sabe que vai jogar sozinho? Como que vai jogar sozinho? Onde que se tira essa ideia? Eu não entendo de qual campeonato (seria tirado). Não, não, como é que seria? Como é que seria esse desdobramento? A gente não vai participar mais do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil? Não sei, é uma conversa... Isso é uma conversa, acho que... Você quer saber? Eu acho que é uma conversa rasa até pra criança de quinta série. É uma tolice. E isso tenta criar uma cortina de fumaça num problema que é muito claro e material, que é como você divide um dinheiro que não estava definindo. Nós estamos querendo discutir exatamente isso. E isso o Flamengo não assinou. Nenhum deles assinou uma regra disso. E você entendia que havia necessidade do bloqueio do dinheiro? Porque a discussão me parece que existe de qualquer jeito de fazer. Por que havia necessidade do bloqueio? Porque, você veja, no Brasil, o devedor é sempre beneficiado. Eu tenho um compromisso com a instituição. Você divide esse dinheiro agora, daqui a dois anos você decide na Justiça que o dinheiro é do Flamengo. De onde você vai tirar esse dinheiro dos clubes, Rodrigo? Como é que você vai reter esse dinheiro depois que ele foi recebido e foi gasto pelos clubes? Então, disso eu entendo. Nunca mais a gente veria esse dinheiro. E deixa eu lhe dizer, nós estávamos com uma assembleia em aberto, discutindo este assunto, quando a Libra, por meio do Silvio Matos, orienta a Globo a pagar, sabendo que isso estava em aberto, sem consultar o Flamengo. Se não houvesse essa primeira autorização, talvez a atitude do Flamengo tivesse sido diferente. E depois de a gente protestar e de a gente notificar a Globo e a Libra, eles orientaram o segundo pagamento. E tinha uma proposta de acordo de mediação feita pelo André Sica, o advogado da Libra, na última assembleia, não tinha? Que o Flamengo não entrasse com a ação e que você tivesse uma. Ele já tendo pago uma vez e pronto pra pagar a segunda? O Sica é advogado do Palmeiras, ele trabalha pro Palmeiras, a família dele trabalha pro Palmeiras há muito tempo, o escritório que entrou com o agravo lá da Libra contra o Flamengo é o escritório do Sica. Isso é um conflito evidente. Isso é um conflito evidente. Se eu pudesse voltar atrás no tempo, eu jamais teria concordado com a construção de uma Libra. A Libra é verde. A Libra é toda verde. A Libra é palmeirense. O Sica é advogado do Palmeiras. Virou advogado de outros clubes. Tá certo? Ele é advogado. Ele advoga para outros clubes que estão na Libra. Esse outro ponto que você também levantou no Conselho Deliberativo, que não tem muito a ver com a Libra, mas que você levantou, que era essa questão do empréstimo feito pela Crefisa ao Vasco? Eu acho que esse é um problema para o futebol brasileiro. Eu não sei se o brasileiro médio entende como funciona o mercado financeiro, mas deixa eu te dizer: quando você, Rodrigo, vai pegar um dinheiro num banco, um empréstimo, o que o banco pede de garantia para você? Algum ativo real, alguma coisa que você tem. Um imóvel, um barco, um prédio. Mas legalmente não tem problema, né? Eu acho que tem algumas coisas que é como a mulher de César, né? Não precisa ser honesta, tem que parecer honesta também. Então, pra quem se posiciona como baluarte da correção, como é que fica isso? Aos olhos de todos. Eu acho que isso não pode. São dois clubes de grandeza nacional, são dois dos clubes de cinco maiores torcidas do Brasil, tá certo? Que disputam competições comuns, como Copa do Brasil, Brasileiro, faz uma relação dessas? Eu entendo que isso aí, na minha opinião, isso tem um conflito intrínseco ali. Eu entendo que, "Ah, isso é ilegal?" Isso não é ilegal, pra mim é só imoral. Reportagem Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis. Comunicar erro Deixe seu comentário Veja também Deixe seu comentário O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL. UOL Flash Acesse o UOL Flash Receba novos posts de Rodrigo Mattos por email Informe seu email Quero receber As mais lidas agora Idoso que comeu 'falsa couve' em MG está em coma e respira por aparelho A Fazenda: Fernando, Rayane, Matheus e Yoná estão na quarta roça Mendonça bloqueia R$ 389 milhões de sindicato ligado a irmão de Lula Padre é investigado após flagra com noiva de fiel em casa paroquial; vídeo Trajano: Maior fiasco após derrota para Japão é não termos uma seleção