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O Ministério da Fazenda divulgou o primeiro relatório com os números de arrecadação de apostas no primeiro semestre de 2025, no qual houve estreia de jogo regulamentado. Pelos números, as casas de apostas devem ficar com R$ 30,6 bilhões por ano de receita líquida. Esse dinheiro representa um mercado ainda em consolidação: 1) Há o potencial de aumento se comparado com outros mercados 2) a tendência é de uma redução do número de casas de apostas e aquisições 3) as casas de apostas têm jorrado boa parte destes recursos em publicidade e patrocínios no futebol. Os números do Ministério da Fazenda indicaram que o GGR (receita bruta) do primeiro semestre foi de R$ 17,4 bilhões. Por ano, esse total chegaria a R$ 34,8 bilhões. Deste total, são deduzidos 12% de impostos com destinações legais. Assim, sobram às casas de apostas R$ 30,6 bilhões. O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável, que reúne as maiores operadoras de apostas do Brasil, entende que o número está alinhado com sua expectativa. E espera que o ano acabe com R$ 38 bilhões em receita anual. "Mercado ilegal ainda é maior parte brasileiro de apostas. Isso a gente conseguiu tirar em pesquisas", afirmou o diretor do IBJR, André Gelfi, que aponta problemas no mercado ilegal como falsas promessas, menores jogando, manipulação de resultado, além do não pagamento de imposto. "Brasil é um país muito grande. Em população e renda. Quando olha para esses números, é penetração baixa dessa atividade dentro do poder de consumo do brasileiro. Em mercados consolidados, representa 1% do PIB. Estamos em 0,6% do PIB. Tem um potencial de desenvolvimento." Ao mesmo tempo, Gelfi entende que, com a regulação, o mercado está em um processo de consolidação. Pelo relatório do Ministério da Fazenda, são 78 empresas autorizadas a operar no mercado, sendo 182 marcas de bets. Cada empresa pode ter três marcas registradas pelo pagamento de sua outorga. "Mercado começou a funcionar em janeiro com 80 empresas. Estão procurando lugar ao sol. Estão conseguindo sobreviver. A maioria vai ser incorporada. Não se consegue ter um mercado que tem 80", disse ele. E aponta outro efeito de redução de bets. "Se imposto aumentar, serão menos empresas. Sobe o seu custo fixo." O governo tem uma MP para aumentar o imposto de 12% para 18%. Resta saber se passará no Congresso. A visão do instituto é de que o efeito será o aumento do mercado ilegal, onde não se paga imposto. De janeiro a agosto, o governo federal arrecadou R$ 5,6 bilhões com impostos sobre apostas. Outro ponto de consolidação para o futuro é a propaganda, publicidade e patrocínios. Os contratos das bets com times de futebol e com competições têm crescido de forma exponencial. A ponto de o Flamengo ter atingido o recorde com seu acordo com a Betano por R$ 258 milhões, mais R$ 10 milhões de lei de incentivo. A visão de Gelfi é de que esses valores, em um mercado mais maduro no futuro, devem cair. "Há empresas em distintos estágios de amadurecimento. Empresas que estão plantando para poder colher. Como qualquer outro negócio, precisa ter um volume para intermediar. Precisa investir em marketing. Há empresas que podem investir 150% do que fatura. E tem empresa que investe 30%", afirmou Gelfi. "No bolo, não se surpreenderia se tiver mais investido do que ganham." Os dois movimentos do mercado são paralelos. Quando houver um número menor de casas de apostas, isso certamente provocará uma redução do dinheiro para patrocínio já que as empresas terão menos necessidade de lutar por espaço. Mas, no momento, a publicidade é o diferencial entre as casas reguladas e as ilegais. Por isso, Gelfi tem o entendimento de que não deveria haver grandes restrições legais à publicidade. "Acho que restrição à publicidade em um mercado imaturo e recém regulado é um tiro no pé", defendeu. E explicou que no futuro, em uma situação ideal, pode fazer sentido haver restrições a propaganda em determinados horários, como defende um projeto em curso no Congresso.