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SAF não pode ser o prefixo de safar-se. O Fluminense tem um projeto que não tem este objetivo. Ao contrário. O Fluminense não tem dívida astronômica. Anda na casa dos R$ 870 milhões, mas com receita anual aproximada de R$ 600 milhões, não há desespero. Nem vale discutir se é o maior investimento já feito, ou se não é. O ponto central é que a SAF do Fluminense não nasce para safar o clube de insolvência. Existirá pela possibilidade de mantê-lo competitivo e ao nível do que sua história exige. Há clubes que não precisam virar empresas. Real Madrid e Barcelona não são SAD, na Espanha. Ganham quase sempre. O Flamengo talvez não precise, no Brasil. O Corinthians não precisará se passar a ser bem administrado. Ou será SAF para se safar. No caso do Fluminense, a composição da dívida mostra mais de 50% tributária, financiada, e cerca de 40% em processos cíveis e trabalhistas. Aqui se imagina grande redução com acordos. Será SAF para ser uma empresa saudável, competitiva no mercado em que está, do futebol. Lembre-se: SAF não pode ser SAFar-se O nascimento do bom projeto concebido por Rodrigo Monteiro de Castro e José Francisco Manssur trouxe a possibilidade de muitos clubes endividados criarem cenários para salvar a pele de quem administrou mal no passado. Tem coisas que não acontecem só no Brasil. A Inglaterra, há anos, é o país do futebol moderno e também de picaretas internacionais. A sociedade anônima deportiva (SAD), que inspirou a SAF no Brasil, teve três clubes campeões espanhóis em 31 anos: Atlético de Madrid, Deportivo La Coruña e Valencia. Quando o Deportivo ganhou, em 2000, o Atlético foi rebaixado. Hoje, o Atlético disputa a Champions League e o SuperDepor está em quarto lugar na Segunda Divisão. O ano passado foi das SAFs, no Brasil. Botafogo campeão brasileiro e da Libertadores, Atlético finalista do principal torneio de clubes da América do Sul, Cruzeiro vice-campeão da Copa Sul-Americana. Botafogo, Atlético e Cruzeiro nasceram como sociedades anônimas do futebol por razões semelhantes. O Cruzeiro precisava sair da maior crise institucional já registrada no futebol do Brasil. O Atlético endividou-se até a medula e transformou seu modelo de gestão. O Botafogo viveu décadas de atrasos e encontrou um empresário norte-americano, com investimentos na Inglaterra. O caso do Vasco nem é necessário explicar. A empresa norte-americana 777 Partners não se demonstrou suficientemente competente para melhorar a vida do clube. Melhor usar eufemismos. Nem todo ano será do Flamengo, nem só do Palmeiras, nem só das SAFs. Cada experiência será única. A do Fluminense parte da compreensão de que será um clube médio, de médias conquistas, se não criar outras condições de investimento. A SAF nasce para tentar manter o Fluminense do tamanho que o Fluminense precisa ser.