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Análise dos Times

Corinthians

Principal

Motivo: O artigo foca na experiência de Romero como jogador do Corinthians e utiliza o clube como contexto para suas declarações sobre racismo.

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Palavras-Chave

Entidades Principais

Corinthians Brasil São Paulo Paraguai Santiago Peña Félix Torres Romero Memphis Depay José Martínez Rodrigo Garro André Carrillo Paolo Guerrero Fabrizio Angileri Héctor Hernández

Conteúdo Original

A saga de Romero no Corinthians não fica restrita apenas ao jogo dentro de campo. Vai além, transbordando as fronteiras das quatro linhas. É a história de um imigrante que encontrou no time do Parque São Jorge muito mais que um clube, um espelho de sua própria identidade, reforçando os desafios de ser imigrante na maior cidade da América Latina. Com gols e suor, ele já faz parte da história do clube fundado por cinco operários imigrantes à luz de um lampião. Mas só ele sabe o quanto lutou para superar as adversidades Romero nunca teve medo de se posicionar ou de falar sobre temas que, geralmente, jogadores da sua geração têm receio em fazer. Sua experiência como estrangeiro no Brasil vai além do trânsito ou da agitação de São Paulo. Por isso, em conversa com o , ele foi direto ao abordar um tema espinhoso: a discriminação. "Claro que às vezes a verdade, ou quando a gente fala sobre uma coisa muito delicada, as pessoas não querem aceitar." Segundo o jogador, que reside em São Paulo há mais de oito anos, o racismo acontece com mais frequência aqui do que no seu país de origem. De acordo com ele, um dos fatores que contribuem para isso é a desigualdade social. "A gente sente que tem realmente muita discriminação, inclusive entre os próprios brasileiros, entre cidades diferentes", comentou, ressaltando que, como imigrante, isso é algo perceptível. Romero acredita que o Brasil precisa primeiro melhorar neste aspecto, pois há uma preocupação excessiva com o que acontece fora, enquanto o que ocorre internamente, muitas vezes, não recebe a devida atenção. "Claro que o que acontece no Paraguai, no Peru, na Argentina ou lá na Espanha, também está errado. Mas o Brasil precisa se preocupar mais aqui dentro, arrumar as coisas em casa para melhorar lá fora". O atleta do Corinthians também fez um contraste surpreendente com a realidade paraguaia. "Lá não é tão normal isso de discriminação, não é comum", disse ao pontuar que no Paraguai a proporção de pobreza é menor e que, neste momento, a economia tem se estabilizado bem. "Há apenas uma favela no país, e a quantidade de pessoas na rua é menor. Claro que existe pobreza no Paraguai, mas é menos visível e as desigualdades sociais são menores, o que ajuda, de certa forma, a reduzir o racismo e a discriminação. Aqui no Brasil existem pessoas com muito dinheiro, com muitas possibilidades, e outras não. Acho que essa diferença atrapalha também." Em contrapartida, Romero não deixa de reconhecer os esforços do governo brasileiro no combate ao racismo e à xenofobia, bem como a participação da sociedade civil, que, de acordo com ele, tem promovido debates sobre o assunto com muito mais frequência. "Sei que o racismo aqui é tratado com rigor, inclusive com prisão, pois assumir essa realidade é uma grande responsabilidade. É sempre difícil reconhecer que há racismo ou discriminação em um país, mas é um passo essencial para a mudança que queremos." O camisa 11 também expressou seu interesse em acompanhar de perto os acontecimentos políticos e sociais tanto no Brasil, como em seu próprio país, destacando sua relação próxima com o atual presidente, o conservador Santiago Peña, a quem considera amigo. "Acho que tudo passa pela educação. Aqui o sistema educacional é bom, até melhor do que no Paraguai. O problema é que o acesso é só para alguns. O ideal é que a gente consiga igualar isso para todos." No vestiário do Timão, o tema discriminação não é tratado com estranheza. Com nove estrangeiros no elenco, as conversas sobre preconceito, racismo e xenofobia são frequentes. "Na época em que cheguei aqui, tinha só dois estrangeiros: eu e o Paolo Guerrero, que é peruano", recordou. Além de Romero, o atual elenco do Corinthians conta com a presença do equatoriano Félix Torres, do venezuelano José Martínez, do peruano André Carrillo, dos argentinos Rodrigo Garro e Fabrizio Angileri, do espanhol Héctor Hernández e do holandês Memphis Depay. "A gente conversa sobre o Brasil. Meus companheiros de trabalho também percebem que aqui tem muito racismo", disse, ressaltando que ser um jogador profissional facilita a exposição em situações como essa. "Isso acontece por causa dos rivais e até mesmo da própria torcida. Às vezes, inconscientemente, a discriminação vem até quando recebemos um elogio. Para nós, isso já é quase normal". Ciente de que trilhou um caminho cheio de obstáculos, o atacante aproveitou a oportunidade para enviar uma mensagem inspiradora aos jovens que sonham em seguir carreira no futebol. "Minha dica é que eles continuem perseguindo seus sonhos. Com trabalho, dedicação e disciplina, é possível alcançar o que desejam. Eu nunca imaginei passar tanto tempo em um clube como o Corinthians, mas lutei, trabalhei duro e me dediquei para conquistar esse espaço. Todo sacrifício vale a pena quando se busca algo grande". Ele também reforçou a importância de manter o foco e o esforço. "Pode parecer difícil ou até impossível às vezes, mas o caminho do trabalho constante é o que leva às conquistas. No meu caso, vindo do Paraguai e chegando ao Corinthians, uma das maiores torcidas do mundo, consegui deixar minha marca. Sempre acreditei no meu potencial e nunca desisti. E ficar marcado nessa história não é para qualquer um", concluiu.