Conteúdo Original
O Rubro-negro fechou ontem com a Betano um patrocínio de proporções tão gigantescas que caberia no top 10 da Europa: 250 milhões de reais garantidos anualmente. Mais do que o dobro do anterior (115 milhões), com a Pixbet, que já era o maior do Brasil. Palmeiras e Corinthians, também patrocinados por bets, recebem cerca de 100 milhões, fora metas e bônus. A cada ano que passa, a disparidade econômica só aumenta. O Flamengo vai descolando do pelotão de um jeito que parece inalcançável, mesmo para o Verdão, único concorrente saudável financeiramente, e o Timão, segunda maior torcida do país. Com este crescimento, vem um desespero natural. Como rivalizar com quem já fatura mais de um bilhão e só vê estes números crescerem? Como construir um elenco minimamente competitivo com receitas tão menores? Como fugir das bets? Aí vem ela, a resposta milagrosa, a solução para todos os seus problemas: a SAF. Ontem, a diretoria do Fluminense aprovou a proposta do BTG Pactual para dar início ao processo de transformação do clube em SAF. O projeto ainda precisa ser votado em Assembleia Geral, mas foi dada a largada para algo que o presidente Mario Bittencourt sempre defendeu e que interessa pessoalmente ao dono do banco, André Esteves, tricolor ilustre e um dos homens mais ricos do Brasil. Fica a pergunta: o Flu precisa virar SAF? O Atlético-MG precisava? Estamos falando de times que disputaram e/ou venceram Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão nos últimos cinco anos. Endividados, sim. Com bom potencial de receita? Também. À beira da falência? Não. O Fluminense, aliás, poderia dar uma olhada justamente no que aconteceu com o Galo e avaliar se ter um dono bilionário é mesmo garantia de qualquer coisa. A dívida dos mineiros gira em torno de 2 bilhões e só fez crescer desde que os Menin compraram o clube. O problema é que, antes de olhar para Belo Horizonte, olham para os vizinhos, ali na Gávea. Aí bate o medo de ficar para trás. E aí vem o perigo de acreditar em milagre. Milagre que não existiu no caso do Flamengo, nem do Palmeiras, os dois clubes mais ricos do país e que operam, pasmem, no modelo associativo. Ambos passaram por transformações relativamente lentas, dentro de um sistema arcaico — que certamente precisa de melhorias —, mas sustentável. Só que ninguém quer nada lento. Queremos tudo para agora. Se possível nas próximas horas, ainda nesta temporada, para brigar por títulos e destruir o rival. Bora! Pra cima deles! Só que aí você acordou no dia seguinte e o seu clube do coração tem um dono, ou vários. E não há nada que você possa fazer para defenestrá-los se o plano não sair conforme o combinado. Restará apenas orar para que eles cansem do brinquedo e passem-no adiante a um bilionário mais responsável. Vale a pena? Siga Alicia Klein no Se inscreva no Assine a