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O elenco do Fluminense é um dos mais interessantes do Brasil hoje. Jogadores criativos, intensos, habilidosos, versáteis e, de quebra, com um meia de talento único e raro. A chegada de um treinador argentino, com a possibilidade de jogar seu olhar estrangeiro sobre esse elenco, abre possibilidades. O Fluminense tem atacantes e meio campistas que podem fazer o trabalho de marcar alto e de forma intensa por longos períodos do jogo: Serna, Canobbio, Martinelli, Hercules, Riquelme, Everaldo, Lima, Nonato, Lavega, Lezcano, Santi Moreno, Bernal, Keno. Tem também um lateral direito que sabe cair pelo meio a atuar nessa faixa do campo, como fez com Diniz (mas não com Renato): Samuel Xavier. Sem falar no garoto de Xerém, Fidelis, uma promessa para a posição. Se Zubeldia quer intensidade, isso não falta. A zaga pode ser formada com três bons atletas, Freytes, Ignácio e Thiago Silva, ou com dois, deixando Renê ou Fuentes (os laterais esquerdos que se revesam) mais presos. Zubeldia poderá exercer sua criatividade e montar esquemas diferentes, como fez Renato na Copa do Mundo. Intensidade é uma característica que esse elenco sabe oferecer. O Fluminense também tem uma raridade no futebol moderno: meias. Mais de um. O argentino Acosta e nosso Paulo Henrique Ganso, que perdeu espaço com Renato e se contundiu há alguns dias (deve voltar em outubro). Seria de se esperar que Zubeldia chegasse às Laranjeiras e fosse imediatamente encantado pela magia de Ganso, encontrando, desse modo, um time em que ele pudesse jogar. Ganso não é reconhecido por sua intensidade, mas o elenco é capaz de correr um pouco mais para que o time tenha o privilégio de escalar um maestro. A Argentina faz isso com Messi. O Fluminense de Diniz fez isso com Ganso. Torcendo para Zubeldia dar passagem a esse craque assim que ele se recuperar da lesão. Intensidade talvez seja a qualidade mais superestimada no futebol hoje. Muitas vezes, qualidade técnica e inteligência tática podem abrir mão dessa intensidade. O jogador corre menos porque se movimenta de forma engenhosa. Contra o Botafogo, se Zubeldia escolher pressionar, vai ficar exposto aos contra-ataques que o time de Davide sabe armar com bastante competência. Seria, na minha modesta opinião, jogo para três zagueiros (Zubeldia não parece gostar desse esquema, mas é um treinador jovem que pode mudar de ideia e talvez tenha visto o Flu atuar assim em alguns jogos da Copa), cinco no meio, dois na frente. Sem Ganso para o clássico, ele deve optar por Acosta (ou entrar em campo apenas com volantes e usar Nonato ou Lima mais à frente). Se, nos próximos jogos, ele mantiver o seu 4-2-3-1, que pode virar um 4-3-2-1 sem a bola, Ganso também pode perfeitamente entrar, e nesse caso Cano (ou Everaldo) ficaria mais isolado na frente. Nesse esquema, meu time ideal seria: Fabio - Samuel, Thiago, Freytes e Renê - Martinelli, Hercules e Ganso - Serna e Canobbio - Cano. Falta pouco tempo para sabermos como Zubeldia vai dar início aos seus trabalhos com esse elenco de alto nível. Contra o Botafogo, o Fluminens luta contra uma freguesia vergonhosa. Seria importante virar esse jogo.