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Memphis Depay deu as mãos — ou os pés — a outros colegas experientes e finalmente reclamou do nosso gramado sintético. "A grama artificial mata o jogo. Brasil, quando vocês vão ouvir os jogadores?", postou ontem, depois da vitória do Corinthians sobre o Athletico, na Ligga Arena. Não pretendo questionar a validade do protesto, afinal minhas juntas e articulações não estão em jogo. Nem o quanto o atleta holandês talvez desconheça a complexidade do problema. Como ele certamente já notou, temos clima, calendário e questões econômicas bem diferentes da Europa. O que me incomoda é este "Brasil". Uma mensagem deste lugar de estrangeiro, de quem corneta do lado de fora, com uma visão privilegiada e insulada das atribulações tupiniquins. E, sim, ele é estrangeiro. Mas é também o cara que fez questão de conhecer nossa cultura, de ir trançar o cabelo e comer churrasquinho na quebrada, que compôs música, subiu na bola e pareceu se imbuir do espírito alvinegro raiz. De repente, quando o salário começa a atrasar e a crise indica que não vai passar, o tom esfria, o gramado é péssimo e viramos um "Brasil" que não ouve seus jogadores. Ei, vocês aí, brasileiros, acordem, assim não dá. Considerando que a grama sintética não vai a lugar nenhum (assim como a dívida do Corinthians), fica a dúvida: o que Memphis fará com esta árdua terra em que ele escolheu trabalhar? Vai segurar a barra que é gostar desse "Brasil"? Siga Alicia Klein no Se inscreva no Assine a