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Análise dos Times

Flamengo

Principal

Motivo: A matéria critica veementemente a postura do presidente do Flamengo, Bap, e sua visão empresarial para o futebol, acusando-o de querer destruir rivais.

Viés da Menção (Score: -0.8)

Motivo: O Mirassol é mencionado apenas como um exemplo de clube pequeno para contrastar com a argumentação do Flamengo.

Viés da Menção (Score: 0.0)

Palavras-Chave

Entidades Principais

flamengo la liga bap leila pereira premiere league berenice bento

Conteúdo Original

Nem mesmo a Premiere League, considerada a liga mais organizada do mudo e sediada em um dos maiores templos do neoliberalismo, pratica asfixiamentos nos moldes que o presidente do Flamengo quer implementar no futebol brasileiro. Muito pelo contrário. A diferença entre o que recebem os times de maior torcida e os de menor torcida não é enorme porque parte-se da ideia de que todos dependem da força do conjunto. O mesmo vale para a La Liga e demais europeias. No máximo, três vezes e meia mais, a depender de uma série de fatores. Mas o presidente do Flamengo é aquele que acredita que é legítimo sair destruindo rivais em nome de um pseudocrescimento que não ajuda nada nem ninguém a não ser os frágeis egos do empreendedorismo que não é capaz de enxergar a dimensão do social ao seu redor. Bap diz que não aceita receber três vezes mais do que um clube pequeno. Sugere que isso seria uma ofensa. O Flamengo é, segundo ele, mais do que três vezes maior do que os menores. Jamais aceitará esse disparate. Uma lógica predatória, destrutiva, desproporcional, violenta. O culto ao empreendedorismo é uma espécie de fanatismo nacional. O gestor. O bilionário que empresta seus conhecimentos ao setor estatal. Nunca vimos um desses fazendo qualquer coisa de boa como político eleito, mas trata-se de uma obsessão nacional essa ilusão. "Nada fascina mais o imaginário social do que a crença de que um empresário bem sucedido colocará seus conhecimentos de gestão a serviço do Estado", escreveu a professora e pesquisadora Berenice Bento em "Brasil, Ano Zero". E o futebol ama a ideia de um gestor-salvador. Leila Pereira chega também com essa capa de super-heroína, vinda de um dos setores que melhor sabe estrangular os pequenos: o bancário. Acontece que essa lógica empresarial, muito bem definida por Bap quando ele disse, ainda como executivo do setor da comunicacão, que se um concorrente enchesse muito ele poderia ir lá e comprá-lo, não vai funcionar no futebol a não ser para destruí-lo. A lógica empresarial é violenta por princípio. É o incentivo a uma competição desmedida, à exploração, ao estrangulamento da concorrência. Como isso pode ajudar o futebol ou o social? Perde-se a noção de coletivo, de solidariedade, de comunidade. Ficamos com a pancadaria, com a esperteza. O que o Flamengo quer fazer é usar seu tamanho para destruir menores e, com isso, ficar ainda maior. Ah, mas se os menores fizerem tudo certinho eles chegam lá. Basta querer. Basta se esforçar. Onde mesmo já ouvimos isso? Trabalhem, acordem cedo, sejam honestos, não faltem, respeitem as regras e vocês também vão conseguir. Quem consegue? Nesse país, quem saiu na frente às vezes consegue. Pessoas brancas saem na frente de pessoas negras. Homens saem na frente de mulheres. Herdeiros saem muito na frente de todos os demais. Tentar colocar todas as dimensões da vida dentro de uma planilha e submetê-las ao cálculo não funciona. As melhores coisas da vida não podem ser medidas ou explicadas. O patrimônio do futebol é o amor que sentimos por nossos times. Como medir? Como você prova esse amor? O amor que o flamenguista tem pelo Flamengo é maior do que o que o mirassolense tem pelo Mirassol? Futebol é esporte coletivo. O Flamengo só seguirá sendo grande se clubes menores tiverem as mesmas oportunidades e incentivos. Uma liga só será forte se o dinheiro for igualmente distribuído. Leila Pereira parece ter compreendido essa obviedade (pelo menos dentro do futebol) mais rapidamente do que Bap. A ganancia emburrece. Ela transforma em espelho tudo ao redor. Impede que nos enxerguemos em sociedade. Quanto mais Bap fala, menos sentido ele faz. A não ser, claro, para os diálogos que trava com o próprio espelho.