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Entre os muitos desafios que Carlo Ancelotti terá no comando da seleção brasileira, um deles pode ser criado por ele mesmo: a convocação de Neymar. Ou melhor, de "Neymau", como muito bem já o apelidaram por aí. Segundo parte da imprensa, o atacante estaria em uma pré-lista para os jogos contra Chile e Bolívia. E se isso se confirmar, o treinador correrá riscos que vão muito além do campo. O primeiro perigo é gastar um nome à toa. O camisa 10, pelo que temos visto nos últimos anos, já não apresenta nível para vestir a amarelinha. Lesões, atuações irregulares e desgaste físico e mental pesam contra. Uma vaga que poderia ser destinada a alguém em ascensão, capaz de agregar competitividade e energia, se perderia em um nome de passado, não de presente. O segundo problema é a distração que Neymar inevitavelmente leva consigo. Não é segredo que o jogador gosta, e até precisa, estar no centro das atenções. Ao redor dele, a narrativa costuma sair do coletivo e girar em torno do individual. Para um grupo em reconstrução, que precisa de união e foco, isso pode se tornar mais um obstáculo. E há, ainda, um fator talvez mais delicado: o apoio popular. Embora não tenhamos pesquisas formais sobre o tema, a percepção geral é de que Neymar carrega hoje uma rejeição significativa entre os torcedores. Muitos, diante de uma nova convocação, não hesitariam em torcer contra o escrete canarinho. Em um cenário em que a seleção já luta para reconquistar a paixão da arquibancada, a escolha poderia representar um tiro no pé. Portanto, cabe a Ancelotti refletir: vale a pena arrumar sarna para se coçar? O peso do nome não pode se sobrepor ao que se entrega dentro de campo. Se a convocação seguir critérios técnicos, frios e justos, dificilmente "Neymau" encontrará espaço. O Brasil precisa olhar para frente. E, no momento, Neymar parece ser cada vez mais uma página virada do que uma solução para o futuro da seleção.