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Análise dos Times

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Tamara Klink avó

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Tamara Klink saiu da Groenlândia em solitário e foi até o Alasca, onde vai deixar seu veleiro durante os meses de inverno no hemisfério norte. Em vídeo, a navegadora contou que essa foi a viagem mais difícil, embora tenha sido a navegação mais fácil já que ela acredita ter respeitado os limites do barco como nunca antes. Faltava uma hora para aportar em solo estadunidense quando Tamara fez um vídeo para a avó, que é sua interlocutora desde que ela se atirou em solitário pelas águas desse planeta. O vídeo começa como tantos outros. "Oi, vovó", e vai narrando um diário. Mas aí Tamara agradece a avó e sua voz embarga. Tamara quer falar sobre o incentivo que recebeu da avó quando contou que seria uma navegadora. Ela lembra do momento e engasga. Fica em silêncio. Olha para o horizonte. Todas nós entendemos o silêncio de Tamara. Um silêncio que um dia foi nosso também. Quero ser jogadora de futebol. Quero ser comentarista esportiva. Quero narrar. Quero ser pilota de jatos. Quero ser presidente da república. Quero ser astronauta. O mundo vai sempre nos dizer "não". E motivos não faltam. Mas um dia a gente olhar no olho de uma outra pessoa, muitas vezes no de uma mulher, e entendemos que podemos. Que Tamara Klink tenha escolhido a avó como interlocutora é apenas justiça poética. Por dois meses, Tamara outra vez navegou em solitário. Ela já cruzou o Atlântico e já hibernou no Polo Norte por meses. Tamara não gosta de ser nomeada como pioneira nem mesmo quando parece ser a pioneira - e ela tem razão. Muitas de nós, antes dela, já sonhamos com uma vida emancipada. Muitas de nós já vivemos uma certa liberdade a despeito dos medos que esse mundo nos oferta. O que Tamara Klink oferece são suas histórias. E, nessa mais recente travessia em solitário, também o seu silêncio. Aqueles segundos entre a voz tremer e poder ser retomada. O que Tamara entrega é o respeito às mulheres que vieram antes. Nossas avós, bisavós, antepassadas. Por todas elas, obrigada.