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A coletânea será lançada em 29 de agosto no café literário , no Centro Histórico de São Luiz do Paraitinga. A obra reúne crônicas, contos e um cordel sobre futebol (ou quase). Segundo os organizadores, Cabrera e Borba Ciola, a ideia inicial era apresentar o esporte por uma perspectiva inesperada: a derrota como reveladora do caráter mais íntimo do torcedor. Assinados por autores ligados à cidade de São Luiz do Paraitinga, os textos revelam como a experiência do desamparo e do sofrimento compartilhado fortalecem a lealdade e a paixão. Alguns relatos têm o talhe de ficcionistas e jornalistas experientes, enquanto outros, autobiográficos e íntimos, recendem a uma poeticidade espontânea que cativa o leitor. "Dizem que a História foi construída a partir da versão dos vencedores, mas Capim, concreto e capotão constrói relatos sobre futebol a partir do olhar dos vencidos. Um desafio em uma sociedade movida e obcecada pelo sucesso e ameaçada por sórdidas tentativas de apagamento da história", analisa Alexandre Gennari, autor de uma das narrativas. Conforme o projeto ganhava corpo, explica Cabrera, outras temáticas se impuseram, desde a relação entre o futebol e a infância até os encontros e desencontros do esporte com a identidade de um povo. Algumas narrativas propõem recortes do futebol de várzea na cidade de São Luiz do Paraitinga, redesenhando o passado, seus cenários, aromas, sabores, a memória e a ficção cozinhando lentamente no mesmo tacho. Capim, Concreto e Capotão evoca um futebol demasiadamente humano: o pai corintiano que não consegue fazer do filho um alvinegro, o avô palmeirense que, diante do neto, finge torcer para o Corinthians, o herói do futebol várzea que, sem saber, grangeia votos para um político homônimo, as viradas de casaca, o imponderável, o lúdico e o brutal.