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"Bode expiatório" é uma expressão utilizada para apontar alguém que leva a culpa por algo, mesmo que seja inocente. No futebol é o jogador que a torcida detesta e ela responsabiliza por tudo de negativo que ocorra em campo. No Flamengo o bode expiatório responde pelo nome de Allan. Volante de boa técnica, passador, mais afeito a interceptações e circulação da bola do que carrinhos, foi contratado após enorme insistência do então treinador Jorge Sampaoli. Boa parte dos rubro-negros não gosta dele, e o que faz em campo é irrelevante para essa turma. O negócio é reclamar do Allan, xingar o Allan, culpar o Allan quando o resultado não é aquele que gostariam. Algo implacável e repetitivo. No empate com o Vasco, Allan obteve uma das maiores notas do no clássico entre os jogadores de sua equipe: 7,1. Ficou empatado com Leo Ortiz e Saúl Ñíguez. Não, definitivamente não foi uma má atuação do volante. Mas nas redes sociais, após o 1 a 1, era o mais criticado, mesmo não tendo participado do gol vascaíno, fruto de mais uma péssima saída de gol do arqueiro Agustín Rossi. O camisa 29 foi muito xingado, e continua sendo. Ainda segundo o aplicativo de estatísticas, Allan acertou 92% dos 73 passes que tentou, exatos 67. Ganhou três de quatro disputas de bola pelo chão, fez um corte, evitou uma finalização, somou duas interceptação e três desarmes. Bons números de uma atuação segura. Fez a saída de bola entre os zagueiros, liberando Saúl para se aproximar do ataque, a ponto de o espanhol acertar um arremate no travessão na segunda etapa. O que muitos não notam é que Allan é a quinta opção para o setor de meio-campo. Se Jorginho, Pulgar e De La Cruz não ficassem fora de tantos jogos, seja por lesão, má condição física ou suspensão, ele atuaria menos. Allan pode ser o bode expiatório dessa parte da torcida. Mas como quase todos aqueles que ganham o rótulo, ele é o menos culpado pelo que está frustrando os rubro-negros nesta semana.