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Análise dos Times

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Sportv Globo Join Comunicação Edilson Pereira de Carvalho The Match Ancine

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O ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho, pivô da Máfia do Apito, está no centro de outra polêmica, agora envolvendo a produção do documentário responsável por contar a história do maior escândalo da arbitragem brasileira, 20 anos após os acontecimentos, e que estreia nesta sexta-feira no Sportv. Em dezembro de 2024, Edilson entrou com um processo judicial contra a produtora Comunicação, que captou todas as entrevistas do documentário, na 52ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro, por quebra de contrato e danos . A The Match e a Globo, responsáveis pela veiculação do filme, foram citadas como partes interessadas na ação. O teve acesso ao contrato, aos autos do processo e conversou com envolvidos para explicar as diferentes versões do caso. Em 27 de março de 2023, Edilson assinou contrato com a Join Comunicação autorizando o uso exclusivo de sua imagem para o documentário por dois anos. Em contrapartida, a produtora pagaria R$ 50 mil em parcelas, além de um acordo verbal para o pagamento de mais R$ 10 mil caso a obra fosse comercializada. A reportagem apurou que os pagamentos eram de R$ 3 mil por mês, a pedido do próprio Edilson, que temia não ter controle financeiro. Em entrevista, o árbitro negou que tenha pedido para receber o valor diluído e afirmou que aguardava a quitação quando a série fosse vendida. Após alguns meses do acordo firmado, segundo Edilson, a produtora vendeu a obra, mas parou de efetuar os pagamentos. Conforme o ex-árbitro, ficaram faltando R$ 11 mil. Por causa disso, em agosto de 2024, ele passou a dar entrevistas para canais de YouTube, cobrando cerca de R$ 5 mil por aparição. O apurou que os pagamentos foram realizados mensalmente até Edilson dar entrevista sem autorização. A produtora, por sua vez, argumenta que a quebra de contrato partiu primeiro de Edilson. No processo, a defesa argumentou que a quitação total do valor só seria realizada com a comercialização da obra. O projeto, que conseguiu captação de cerca de R$ 2,7 milhões via Ancine, só teve a primeira parte dos recursos liberados. Os produtores alegam que, até o momento, o dinheiro arrecadado foi usado para custear a produção da obra. Como Edilson concedeu entrevistas a outros canais, ele teria violado a cláusula de exclusividade do contrato e, inclusive, colocado a comercialização do documentário em risco. Procuradas, Join Comunicação, Feel The Match e Globo não comentam questões judicializadas. O advogado do ex-árbitro pediu urgência à Justiça, alegando que, uma vez publicado na internet, o documentário se tornará de domínio público, e causará prejuízo de difícil, ou até mesmo de impossível, reparação para Edilson. O Tribunal do Rio de Janeiro negou o pedido de liminar em duas instâncias, e o primeiro episódio vai ao ar hoje, às 19h30. Na sinopse do projeto, que está no site da Ancine, a obra documental em três episódios é resumida como "um mergulho no perfil psicológico do responsável pela maior fraude da história do futebol brasileiro". O ex-árbitro expressou sua frustração com a forma como o documentário foi construído, pois, em sua opinião, deturpa sua imagem. A Máfia do Apito foi um grande escândalo no futebol brasileiro, exposto pela revista em setembro de 2005. Edilson Pereira era a figura central do esquema, que manipulou os resultados de mais de 20 partidas em diversas competições nacionais. A descoberta do esquema gerou uma enorme crise e, pela primeira vez na história, jogos foram anulados e refeitos, alterando completamente a classificação final do campeonato. A repercussão do caso foi tão grande que teve um impacto profundo no futebol do país. Embora Edilson e os outros envolvidos tenham escapado de condenação criminal por falta de legislação específica para o tipo de crime na época, o escândalo serviu de exemplo para os árbitros brasileiros.