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Palmeiras e River Plate voltam a medir forças nesta quarta-feira às 21h30 pela partida de ida das quartas de final da Copa Libertadores. O confronto reúne dois gigantes da América do Sul que já se encontraram em fases decisivas da competição, sempre em semifinais, com vantagem para o time brasileiro nas edições de 1999 e 2020. Se no campo a rivalidade é intensa, fora dele há pontos de convergência que tornam o duelo ainda mais interessante. Os dois clubes são referências quando o assunto é a relação com seus torcedores. O River Plate lidera a América do Sul em número de associados, com cerca de 351 mil sócios. O Palmeiras é o maior do Brasil, com 182 mil. A diferença está nos critérios: os argentinos incluem sócios patrimoniais e vitalícios, enquanto no Brasil esses perfis não entram na conta. Ainda assim, os números de ambos são expressivos e consolidam modelos que viraram exemplos. Henrique Guidi, diretor de negócios da Agência End to End, que gerencia o programa de sócios do Palmeiras, ressalta a força do River. "Há uma grande diferença entre os dois. Na Argentina, existe apenas um grande rival nacional, o Boca Juniors, enquanto o Palmeiras briga com pelo menos outros nove times de massa. Isso aliado à paixão e à maneira como nossos vizinhos lidam com o futebol, acaba potencializando um trabalho que já é bem feito por lá", explica. Apesar da disparidade na base de sócios, o Palmeiras fatura mais: em 2024 arrecadou R$ 74 milhões com o programa, contra R$ 40 milhões do River. Para especialistas, ambos representam exemplos de como esse modelo virou peça central para gerar receitas recorrentes e informações valiosas sobre o comportamento do torcedor. "São dois times que entenderam a importância desse ativo, não só pela grana, mas por permitir uma comunicação mais assertiva com o torcedor", destaca Sara Carsalade, cofundadora da Somos Young. O patrocínio também é um elo recente. O Palmeiras trocou a Crefisa pela Sportingbet, em contrato que rende R$ 100 milhões anuais. O River assinou com a Betano por cerca de R$ 36 milhões anuais, segundo valores comentados nos bastidores. A aproximação com o setor de apostas, cada vez mais presente no futebol, mostra que os dois clubes caminham por trilhas semelhantes para manter as contas robustas. Outro fator que conecta os rivais é o impacto das arenas modernas em suas receitas e na relação com os torcedores. O Allianz Parque, inaugurado no fim de 2014, virou referência de espaço multiuso no Brasil. Além da bilheteria, o estádio se transformou em polo de entretenimento com shows: foram 47 em 2023, recorde da arena. Além disso, há restaurantes de alta gastronomia, coworking e áreas para eventos corporativos. No campo da tecnologia, foi o primeiro estádio do país a adotar 100% o sistema de reconhecimento facial, desde meados de 2024. Na Argentina, o Monumental também passou por uma revolução. O River o ampliou para 84.567 lugares, tornando-o o maior estádio da América. Mas não se limitou à capacidade: instalou gramado híbrido com a mesma tecnologia usada em arenas como Camp Nou e Santiago Bernabéu. A modernização incluiu ainda a criação de camarotes premium, como o espaço Banda, de 700 metros quadrados, além de restaurantes e estacionamentos reformados. Essas mudanças aumentaram a venda de ingressos, criaram pacotes de experiências diferenciadas e abriram espaço para novas parcerias comerciais. O reconhecimento facial, já implantado no Allianz Parque, também será adotado no Monumental até o fim deste ano, tornando o River o primeiro clube argentino a usar a tecnologia de forma integral. "O ingresso físico ou digital passou a ser o rosto da pessoa, com reconhecimento imediato e integração com órgãos de segurança. É um divisor de águas para a inovação de clubes e estádios", afirma Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply. A transformação dos estádios segue a lógica de um mercado global que busca oferecer experiências completas ao torcedor, desde pacotes de hospitalidade até facilidades de acesso. Para Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, a tendência é irreversível. "A procura por espaços premium cresceu muito. São ações inspiradas no mercado norte-americano, mas que também estão crescendo no Brasil."