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As imagens capturadas das arquibancadas do estádio municipal de El Alto e que você assistirá no programa De Primeira, do Uol, indicam que houve mesmo razões para justas reclamações da CBF. Rodrigo Caetano afirmou nunca ter visto nada igual. Houve desaparecimento de bolas, intimidação policial, tudo o que se via no futebol sul-americano na década de 1970. Tem de acabar e haverá reclamação formal da CBF. Justa. Perder pela quinta vez em dez viagens da seleção principal à altitude boliviana poderia render avaliações sobre a dificuldade de se jogar acima de 3.000 metros, quanto mais a 4.150. Mas não é disso que o Brasil reclama. "Viemos para jogar futebol e o que vimos desde nossa chegada foi antijogo. Jogamos contra a arbitragem, contra a polícia, contra os gandulas", disse o presidente da CBF, Samir Xaud. O pênalti é discutível, mas é o menos importante. Também não é verdade que o Brasil precisa tratar a altitude de outra forma. Não é o Brasil. Quando a Argentina perdeu por 6 x 1 para a Bolívia, em 2009, Messi não culpou os 3.640 metros de La Paz, mas afirmou jamais ter se sentido igual numa partida oficial: "Dava um pique e nunca mais conseguia se recuperar", disse. De todas as questões, a mais relevante é a avaliação do desempenho dos quatro jogos. O Brasil não passou o vexame da quinta colocação, que o levaria à repescagem na versão anterior das eliminatórias, por causa destes quatro compromissos recentes. A quinta colocação é fruto da procrastinação da sucessão de Tite, da escolha equivocada por dois técnicos provisórios, da falta de autonomia para a comissão técnica de Dorival Júnior. A soma de fatores levou a seis derrotas em 18 jogos, recorde, empatado com as eliminatórias para 2002. Restam seis jogos preparatórios antes da convocação final. O tempo é exíguo para grandes transformações, mas há jogadores para montar uma equipe mais coesa e competitiva. O Brasil jogou bem, sem encanto, contra Paraguai e Chile. Não sofreu gol em Guaiaquil. Foi mal na Bolívia. Faltam nove meses para um time de verdade nascer.