🔎 ou veja todas as análises já realizadas

Análise dos Times

Palavras-Chave

Entidades Principais

Receita Federal Rodolfo Maia Start Bet Fellipe Fraga EstrelaBet Leonardo Henrique Roscoe Bessa Betlaw LCA Consultores Instituto Brasileiro de Jogo Responsavel Alex Rose InPlaySoft Daniel Fortune Talita Lacerda Grupo Ana Gaming João Fraga Paag

Conteúdo Original

A regulamentação das apostas esportivas no Brasil já mostra impacto expressivo nos cofres públicos. Dados da Receita Federal divulgados na última terça-feira (23) apontam que o governo arrecadou R$ 5,62 bilhões em impostos entre janeiro e agosto de 2025, resultado direto da tributação sobre as casas de apostas. O melhor desempenho foi registrado em maio, quando o setor respondeu por R$ 814 milhões em tributos. A expectativa é que, até o fim do ano, a arrecadação alcance R$ 8 bilhões, conforme previsto no início da regulamentação em janeiro. O avanço coloca o segmento de apostas acima de setores tradicionais da economia, como educação, comércio varejista e fabricação de máquinas e equipamentos. Para Rodolfo Maia, sócio-diretor da Start Bet, o crescimento mostra que a atividade deixou de ser apenas um nicho de entretenimento e passou a ser um pilar relevante da economia. "As empresas de apostas e jogos online já se tornaram um motor importante para a economia brasileira. Além da arrecadação bilionária, o setor gera milhares de empregos diretos e indiretos, movimenta tecnologia, serviços e marketing, e ainda apoia esporte e atrações culturais. Quanto mais o governo combater as bets ilegais, maior será o crescimento do segmento e o retorno para o país", afirma. Na avaliação de Fellipe Fraga, CBO da EstrelaBet, a tributação também desmistifica a ideia de baixa carga tributária para as operadoras. "Os R$ 5,6 bilhões arrecadados até agosto demonstram o impacto positivo imediato de um mercado regulado. Esses recursos já ajudam a financiar áreas estratégicas como esporte, saúde, segurança pública e educação. Vale destacar que as operadoras não pagam apenas 12% em tributos. A carga efetiva pode ultrapassar 60%, somando GGR, IRPJ, CSLL, PIS/Cofins, ISS e encargos sobre a folha. O setor ainda tem potencial para gerar milhares de empregos qualificados", ressalta. A regulamentação, prevista na Lei nº 14.790/2023, estabeleceu um marco claro para a exploração de apostas de quota fixa no país. Para Leonardo Henrique Roscoe Bessa, consultor do Conselho Federal da OAB e sócio do Betlaw, isso trouxe maior segurança jurídica. "A regulamentação garante a presença de empresas sérias e cria novas oportunidades para atrair operadores internacionais, consolidando o Brasil como um dos mercados mais relevantes do mundo no setor", avalia. Apesar do avanço, o mercado ilegal segue como desafio. Estudo da LCA Consultores, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), estima que o Brasil ainda perde R$ 10,8 bilhões por ano com a falta de controle sobre as apostas clandestinas. A pesquisa, realizada entre abril e maio, aponta que 61% dos apostadores utilizaram plataformas irregulares em 2025 e 73% afirmaram ter recorrido a pelo menos uma plataforma mapeada como ilegal no período. Além disso, 78% disseram ter dificuldade em diferenciar sites legais dos ilegais. O impacto é significativo. Profissionais do setor estimam que as bets não regulamentadas já representem 40% do mercado brasileiro. Para efeito de comparação, no Reino Unido, um dos mercados mais maduros, o índice de ilegalidade é de 13%. Na Alemanha, relatórios oficiais indicam que o mercado clandestino movimenta entre 4% e 49% das apostas, dependendo da metodologia analisada. Alex Rose, CEO da InPlaySoft, alerta para o risco de uma carga tributária excessiva alimentar ainda mais o mercado irregular. "O setor de apostas contribui de forma relevante para a economia nacional, mas é preciso equilíbrio. Impostos muito altos podem levar o público a recorrer a operadores ilegais, o que prejudica arrecadação e empregos", destaca. A preocupação com a proteção do jogador também cresce. Para o influenciador Daniel Fortune, especialista em jogo responsável, a regulamentação precisa vir acompanhada de medidas educativas. "Com o avanço das apostas online, é urgente promover uma cultura de consciência e apoio ao jogador. Incentivar o jogo responsável é fundamental para garantir a confiança do público e construir um ambiente sustentável para todos", afirma. O combate às operações clandestinas também envolve empresas de tecnologia e pagamentos. Talita Lacerda, diretora de operações do Grupo Ana Gaming, defende medidas mais rígidas. "O bloqueio de sites ilegais é essencial para proteger o consumidor, prevenir a lavagem de dinheiro e valorizar quem atua de forma regular. Essa medida fortalece a credibilidade do setor e demonstra o compromisso do país com uma indústria de apostas mais íntegra", diz. Nesse sentido, instituições financeiras já atuam para restringir movimentações ligadas a sites não regulamentados. João Fraga, CEO da Paag, techfin especializada em iGaming, destaca o papel das processadoras. "Na Paag trabalhamos apenas com casas autorizadas, que obedecem boas práticas. Sem meios de pagamento, os sites clandestinos perdem força. Não processar transações de empresas não regulamentadas é uma responsabilidade de todo o setor", reforça. Com arrecadação em alta e um mercado em expansão, o Brasil encara agora o desafio de equilibrar tributos, estimular a competição saudável e avançar no combate às apostas ilegais. O setor regulado já mostra capacidade de gerar bilhões para o Estado, mas especialistas alertam que somente com fiscalização rigorosa e educação do consumidor será possível consolidar um ambiente sustentável para todos os envolvidos.