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Análise dos Times

Fernando Diniz

Principal

Motivo: A autora elogia a filosofia de jogo de Diniz e suas conquistas, mas critica sua postura à beira do campo.

Viés da Menção (Score: 0.4)

Motivo: Mencionado como equipe que teve êxtases com o estilo de Diniz, indicando uma visão positiva, mas secundária.

Viés da Menção (Score: 0.2)

Motivo: Utilizado como exemplo de uma atitude criticada (Mano Menezes chamando Yuri Alberto de burro), o que gera um viés negativo.

Viés da Menção (Score: -0.2)

Palavras-Chave

Entidades Principais

fluminense corinthians yuri alberto fernando diniz rayan mano menezes

Conteúdo Original

A imagem de Fernando Diniz humilhando seu próprio jogador à beira do gramado todos já viram. Acho que poucos podem argumentar a favor do esculacho público em Rayan. Uma cena triste e sufocante. Não existe motivo para uma pessoa ser tratada assim e não existe explicação para que uma situação de hierarquia se transforme em uma situação de brutalidade. Os anarquistas dizem que todas as estruturas hierárquicas devem ser questionadas, e eu concordo com a filosofia. Um treinador é uma liderança técnica e estratégica. Recorre-se a ele para que uma equipe seja organizada de modo a praticar um futebol envolvente e competitivo. Vencer não entra nesse cálculo porque não temos controle sobre isso. Podemos controlar treinamentos, tática, estratégias e entrega. O resto é o destino. Considero o método de existir em campo proposto por Fernando Diniz absolutamente revolucionário. Também acho que ele entende como nenhum outro a jornada dos atletas brasileiros e a luta contra situações de vulnerabilidade. Diniz fala sobre acolher, sobre escutar, sobre oferecer dignidade, sobre formar pessoas antes de formar jogadores. Seu Dinizismo tem como base a solidariedade e a criatividade do conjunto. A partir do momento em que o jogo começa, é o coletivo que vai ter que se reinventar à medida que a história vai sendo escrita. Ele encoraja o arrojo, a ousadia e diz que errar faz parte desde que exista de imediato a vontade para corrigir, o que no caso seria recuperar a bola. Esse estilo de jogo legitima a capacidade de cada um dentro do time de modo a atuar em relação a quem veste a mesma camisa. O dinizismo é relacional. É um jogo que fala de como interagimos, de como nos ajudamos, de como podemos superar situações difíceis. Por tudo isso ele me encanta. E por ser contra-hegemônico vai demorar para se firmar e deixar de ser tão irregular. Ainda assim, ele já ganhou a América, já conquistou estadual e já levou a torcida do Fluminense a muitos êxtases. Se ele precisava se provar por ser bonito mas incapaz de vencer, essa fase já passou. Fernando Diniz mostrou que, com tempo para trabalhar e com o grupo certo nas mãos, foi possível achar o tom, um acorde, um lindo som. Agora o show tem que continuar. Mas, para isso, Diniz vai ter que mudar. Sendo assim, me soa intrigante que Diniz não consiga atuar desse modo à beira do campo com seus jogadores durante um jogo. É normal berrar para marcar, voltar, chutar. Até aí tudo faz parte do espetáculo. Mas partir para um mano-mano verbal cheio de ofensas não soa razoável. Outro dia Mano Menezes, treinando o Corinthians, chamou Yuri Alberto de burro para todos escutarem. Por que? Por que fazer isso? O vestiário é um espaço dentro do qual algumas coisas podem ser ditas desde que seja também espaço de confiança e de troca. É a lavanderia emocional. Fala-se e ouve-se. Como um grupo de iguais preferencialmente. E uma liderança de qualidade aceita essa troca, aceita a participação do grupo nas principais decisões e, mais do que tudo, escuta os liderados. Diniz à beira do campo é antidinizista por princípio. O treinador poderia se salva de si mesmo se elevasse em consideração a filosofia que aplica taticamente. Exerceria uma liderança mais justa e potente.