Conteúdo Original
Não é justo dizer que Carlo Ancelotti classificou a seleção brasileira para a Copa do Mundo, porque somou sete dos 28 pontos do Brasil nas eliminatórias. Sem contar Ancelotti, os outros cinco treinadores que classificaram Argentina, Uruguai, Equador, Colômbia e Paraguai para o Mundial de 2026 são todos argentinos. Lionel Scaloni, Marcelo Bielsa, Sebastián Beccacece, Nestor Lorenzo e Gustavo Alfaro. Se há um déficit de conhecimento teórico de técnicos brasileiros, passou da hora de terminar. A ótima presença de Carlo Ancelotti até este momento trouxe interesse pela seleção, discurso com conhecimento tático, postura e tudo o que, por exemplo, Rubén Magnano trouxe para o basquete. Dez anos depois de sua saída, não sobrou nada. Houve um momento na história, vinte anos atrás, em que a Copa do Mundo tinha quatro técnicos brasileiros: Carlos Alberto Parreira (Brasil), Marcos Paquetá (Arábia Saudita), Felipão (Portugal), Zico (Japão) e Alexandre Guimarães (Costa Rica). Verdade que Guimarães nasceu em Maceió, mas de nacionalidade costa-riquenha. Quem tem responsabilidade de mudar o cenário atual de treinadores brasileiros não é Carlo Ancelotti. É a CBF Academy. O plano precisa ser reformular e transformar a academia de futebol da CBF na maior escola de futebol das Américas e também do hemisfério Sul. É possível. Ainda mais tendo por perto alguém como Carlo Ancelotti, aluno de Coverciano, a maior universidade de futebol do planeta. Levando em conta que as seleções classificadas não têm treinadores de outras nacionalidades, só italiano e argentinos, é oportunidade até para os sócios da academia formarem treinadores chilenos, paraguaios, colombianos, uruguaios. Acima de tudo, brasileiros. Importante: aqui há conhecimento também. Entre treinadores brasileiros, há excelentes. Rafael Guanaes, do Mirassol, Fernando Diniz, do Vasco, Dorival Júnior, do Corinthians. Muito da falta de confiança vem das trocas constantes, fórmula que atualmente inclui portugueses, como Renato Paiva, argentinos, como Ramón Díaz, venezuelanos, como Rafael Dudamel. A nova CBF Academy precisa ser compromisso da nova gestão, de Samir Xaud.