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Classificação para a semifinal de Libertadores é algo pra ser comemorado. Muito. Seria uma arrogância ímpar, alguém não festejar a vaga entre os quatro times que mais longe foram na competição internacional mais importante do continente. Contudo, o valor da vaga e a emoção da conquista nos pênaltis não devem ofuscar os erros cometidos no percurso. Erros que permitiram ao Estudiantes manter aberta a disputa até o instante final Não faz sentido analisar o confronto sem um olhar atento para os dois jogos. É fato, no Rio de Janeiro os rubro-negros poderiam ter saído de campo como a vantagem de pelo menos três gols. Não saíram em função de uma arbitragem absurda, mas também devido a certa soberba e um preciosismo incompatíveis com o futebol, ainda mais na Libertadores. O certame é peculiar, traiçoeiro, e exige de quem quer conquistá-lo algo mais do que técnica e refinamento. Como perguntei ao técnico Filipe Luís após o jogo em La Plata, a pífia a arbitragem que prejudicou a equipe carioca no Maracanã, tirou os holofotes dos erros do Flamengo. Erros como gols perdidos em rasgos de soberba que não se comete nessa competição. Após poupar meio time no clássico com o Vasco, deixando dois pontos pelo caminho no Campeonato Brasileiro, evidentemente a expectativa era de que o time carioca se impusesse na Argentina. Longe disso. A posse de bola, a permanência no campo do adversário por longo tempo não foram suficientes. É uma obviedade. O próprio treinador chamou atenção para a forma como os times argentinos "cobrem" enormes áreas do gramado nesse tipo de jogo. Eles fazem isso não apenas como estratégia, mas apresentando empenho incomum. Esse é um dos aspectos que diminui a diferença entre times tão diferentes em investimento, em técnica, em qualidade. Os rubro-negros não competiram como o adversário. Correram um risco enorme e evitável. A lição foi dada, se a aprenderam, não se sabe. A resposta para essa pergunta virá nos duelos contra o Racing, um time melhor do que o do Estudiantes, ainda mais guerreiro, comandado por um técnico de pobre repertório, mas com um específico poder. Absolutamente fanático pelo clube, o ex-jogador Gustavo Costas consegue fazer seus atletas jogarem como ele faria se ainda pudesse. Para superar mais um argentino na semifinal, o Flamengo não poderá se alimentar apenas de sua refinada técnica. Sem coração, dificilmente decidirá a Libertadores.