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Não, esse não é um post sobre uma teoria de conspiração interplanetária para estabelecer um campeão do Brasileiro. É uma mera constatação de que um erro crasso foi cometido - (não discutível, não polêmico, e sim, claro, cristalino) - e interferiu diretamente na tabela e na briga pelo título do Brasileiro. Primeiro, a arbitragem brasileira sempre foi ruim, mas o atual diretor de arbitragem, Rodrigo Martins Cintra, a piorou. Há problemas sérios de escalas, erros ocorrem para todos os lados, é difícil achar algum clube satisfeito. Mas igualar as falhas como se fossem algo que têm o mesmo peso para todos os lados não reflete a realidade. Há lances discutíveis e há aqueles erros crassos, que todos de forma quase unânime entendem como equívocos, com exceção da comissão técnica do Palmeiras. Vou dar exemplos. O Inter teve um pênalti mal marcado a seu favor contra o Corinthians no último minuto, um puxão de camisa. A maioria das pessoas vai ver ali uma falha da arbitragem (é a minha visão também). Mas haverá uma minoria que interpreta como falta. Erro, mas não crasso. Pois bem, o pênalti de Allan em Tapia no São Paulo x Palmeiras não permite interpretações. Não tem um "veja bem". Ele foi derrubado por um carrinho claramente na área. O árbitro Ramon Abatti Abel, que coleciona atuações ruins inclusive na quinta-feira anterior, não marcou. O árbitro de VAR Ilbert Estevam da Silva curiosamente também não viu com zilhões de câmeras a seu dispor. Trata-se de um erro de arbitragem da era pré-VAR, tipo o Jô fazendo um gol para o Corinthians contra o Vasco de mão ou o mesmo Jô fazendo gol corintiano contra o Flamengo três metros atrás da linha de impedimento e tendo o tento anulado. Lembro aqui os mais bizarros. Depois da entrada de Allan, Andreas entrou com a sola do pé no rival igualzinho a Rigoni dias antes diante do Fortaleza, quando foi justamente expulso. Esse está na categoria de "90% das pessoas teriam expulsado pelos critérios atuais da arbitragem". Ele ficou em campo, levou um amarelo. O Palmeiras, lembremos, tomava de dois e ficaria com possíveis 3x0 e um a menos. Difícil acreditar na "virada épica". O erro não só favorece o Palmeiras na briga pelo título, como prejudica muito o São Paulo na disputa por uma vaga na Libertadores. O time tricolor colaria no Mirassol, sexto colocado, com uma vitória. Antes dessa atuação, Ramon Abatti Abel apitara Flamengo x Cruzeiro, na quinta-feira. Foi prejudicial para os dois lados, parava o tempo inteiro a partida, dava amarelos sem critério ou deixava de dá-los, permitia antijogo e cera. Foi premiado com o clássico. Foi escalado no clássico paulista, fez o que fez, e só aí foi afastado pela comissão da CBF, que age na verdade por conta do clamor público. Os árbitros de Grêmio e Red Bull Bragantino também foram "suspensos" para treinar mais. Questionada, a CBF diz, nos bastidores, que luta para melhorar a arbitragem. No início do ano, Rodrigo Martins Cintra prometia que nas primeiras rodadas do Nacional já se veria evolução. Temos que melhorar rápido, dizia ele. Passados nove meses, o desempenho de seus árbitros é muito pior do que com o antecessor Wilson Seneme. O que conseguiu foi uma interferência decisiva no campeonato como não ocorreu em 2024. Explicações públicas ele não dá, fora notas oficiais. Cintra costuma dizer que orienta o VAR a não dar pitacos para os árbitros de campo quando o que se vê é o oposto. O nível de interferência desnecessária aumentou, estranhamente não se viu no Morumbi.(A CBF tem uma estatística risível sobre 99% de acerto de decisões). Há anos a CBF fala em aumentar o tempo de jogo, reduzir marcação de faltinhas. No entanto, árbitros como Abatti Abel, como Rafael Klein, como Paulo Cezar Zanovelli, que picotam o jogo, são seguidamente escalados em jogos grandes. O parecer do Comitê Consultivo de Especialistas Internacionais (CCEI) - que era apontado como grande trunfo da nova arbitragem escolhida pelo ex-presidente Ednaldo Rodrigues - não é publicado há pelo menos um mês no site da CBF. O último é do final de agosto. Pelo Brasileiro, o último documento foi da 15a rodada, sendo que estamos na 25a. Aparentemente não houve nenhum lance polêmico no período na visão da CBF. Das várias decisões discutíveis, há outra falha que ninguém discute. O pênalti marcado a favor do Palmeiras em Raphael Veiga no início do Brasileiro, diante do Sport. Nenhum toque, e penal. Cinco pontos de efeito em um campeonato, indiscutíveis. Cinco pontos de interferência em um campeonato equilibrado, como não é mata-mata, fala-se pouco. Bruno Arleu de Araújo, árbitro daquela partida, foi afastado, mas já está de volta aos campos sendo escalado constantemente em jogos da Série A. Pulando para a última rodada, na Bahia, o Flamengo teve uma expulsão de Danilo aos 15min, um vermelho dentro dos parâmetros do futebol brasileiro. Haveria quem não expulsasse, mas nada absurdo, levantou o pé, foi punido. Justíssimo Wallace Yan tomar vermelho por sua irresponsabilidade na sequência em dois lances. Em resumo, os dois times que disputam a liderança, Flamengo e Palmeiras, cometeram erros e perderiam seus jogos em um Brasileiro que é muito mais equilibrado do que a Premier League. Jogo jogado, segue a vida. A arbitragem puniu um, e poupou o outro. As desculpas de Rodrigo Martins Cintra (nos bastidores, e não públicas) servem para pouquíssima coisa, assim como os afastamentos temporários. Sua equipe interferiu diretamente no andamento do Brasileiro. No final do ano, ele fará um balanço positivo com estatísticas falaciosas. Talvez peça desculpas nos bastidores.