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Análise dos Times

Palavras-Chave

Entidades Principais

Carlo Ancelotti Alexandre de Moraes Luiz Fux

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Luiz Fux proferiu ontem o seu voto em um dos julgamentos mais importantes da história do Brasil. Carlo Ancelotti falou a repórteres depois de um jogo de Eliminatórias que pouco ou nada valia para a seleção. O paralelo, no entanto, pareceu-me irresistível, ainda que jocoso. O ministro do Supremo Tribunal Federal passou assombrosas 12 horas falando, e absolvendo praticamente todos os réus da trama golpista. Mais do que o conteúdo de um voto que causou espécie até nos observadores mais vigilantes da corte, chamou a atenção a duração da explanação de 429 páginas. As pessoas tomaram café, saíram para trabalhar, almoçaram, buscaram seus filhos na escola, foram à academia, ao mercado, encontraram os amigos, viram Bahia x Fluminense, jantaram e, sim, Fux seguia discorrendo sobre a lei. Como uma Ana Sátila do Judiciário, era impossível ligar a televisão e não dar de cara com a polêmica cabeleira do magistrado. O que isso tem a ver com o técnico italiano? Em duas palavras: concisão e segurança. Carleto responde perguntas na velocidade da luz. Mesmo ainda se adaptando ao português, emenda suas respostas na fala dos jornalistas e termina seu raciocínio em segundos. Diz o que tem para dizer, não o que querem que diga — o que é uma arte. Sobretudo, parece pouco interessado no som da própria voz. Aparentemente seguro de sua inteligência, demonstra-a com argumentos sintéticos e precisos. Não quero aqui sugerir que Fux pudesse divergir de Alexandre de Moraes em minutos ou mesmo em um par de horas. Também não pretendo desprezar o componente político de tomar um dia inteiro do palco para si. Ou o tamanho do ego de alguém em sua posição. Arrisco dizer, entretanto, que não eram necessárias 12 horas para expor sua linha de raciocínio, e que sua mensagem poderia encontrar até mais impacto sem massacrar o país e os colegas com seu perpétuo discurso monocórdico. O ministro da 1ª turma — ou pelo menos sua audiência — poderia se beneficiar de um pouco da eloquência sucinta demonstrada por Carleto. Ou de um editor.