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Foi um domínio completo do rubro-negro em um Maracanã lotado, festivo e psicodélico, porque esse Flamengo é pura psicodelia, só que sofre para matar o jogo. É uma viagem ficar assistindo a esse time, com as movimentações de seus jogadores, troca de passes, jogadas individuais e tamanha facilidade para se jogar futebol. Plata, Pedro, Arrascaeta e Samuel Lino me lembram muito as escalações dos anos 60/70, quando os times entravam com um esquema 4-4-2. Dois caras no meio, que nem marcadores, são como De La Cruz e Saúl, que jogaram contra o Grêmio, porque a dupla de volantes titulares tem Jorginho no lugar do uruguaio. Com dois caras dribladores e velozes pelas pontas, com um ponta de lança ao lado do centroavante trocando de posição, era dessa forma que o futebol brasileiro desfilava no período mais recheado de craques da história. É uma avalanche empurrando o adversário para trás, sem que consiga nem mesmo respirar. O exemplo desse estilo incrível de se jogar futebol foi no gol do Arrascaeta, quando chamou a tabela com o Pedro, que devolveu perfeitamente a bola. Sem esforço, com muita técnica e inteligência, o camisa 10 da Gávea deu apenas um tapa, tirando totalmente do goleiro Tiago Volpi, fazendo um belíssimo gol. Na realidade, o elenco que o ótimo Filipe Luis tem nas mãos é o melhor da América do Sul, porque, quando precisa mudar, sai um e entra outro, sem que mude a qualidade e o desempenho do time. Só para o ataque, ele tinha, nesse jogo contra o Grêmio, Luís Araújo, Bruno Henrique e Éverton Cebolinha; todos poderiam ser titulares em qualquer equipe do Brasil. Mas não é só meio para frente que o Flamengo é um grande time, porque tem ótimos laterais pelos dois lados (Varela e Emerson pela direita; Royal, Alex Sandro e Airton Lucas na esquerda) e uma das melhores duplas de zaga do futebol brasileiro, com Léo Ortiz e Léo Pereira completando a defesa, além de um bom goleiro, Rossi. Luís Araújo, Bruno Henrique e Éverton Cebolinha seriam titulares na maioria dos times do Brasil. Às vezes, o Flamengo domina o jogo e goleia, como fez nos 8 x 0 em cima do Vitória, mas, às vezes, se complica, porque demora para matar o jogo. Tudo pode acontecer em uma partida de futebol, como foi o pênalti para o Grêmio, que até os 40 minutos do segundo tempo não havia dado um só chute na direção do gol do Flamengo. Bom, vale a pena destacar a espetacular batida do Tiago Volpi, que, com muita frieza, mandou a bola de um lado e o Rossi para o outro. Mas esse gol do Volpi tem um valor ainda maior, porque, um tempo antes do pênalti, ele havia feito uma defesa genial numa cabeçada do zagueiro Léo Pereira. Sem dúvida alguma, essa foi uma das mais belas e difíceis defesas do Campeonato Brasileiro até essa rodada. Foi um grande resultado para o Grêmio, porque foi dominado pelo Flamengo o jogo todo, dando apenas um chute na direção, que foi exatamente o pênalti marcado, com a bola batendo na mão do Airton Lucas. Discutir merecimento e justiça no futebol é muito complicado, porque, com a bola rolando, essas coisas não existem. O Flamengo jogou melhor? Jogou! Teve chances de golear? Teve! Dominou o jogo todo? Sim! Mas não marcou os gols que poderia ter feito, e o Grêmio teve o mérito de não ter se desesperado com o domínio do adversário.