Conteúdo Original
Já é quase eterna e redundante a discussão sobre o Brasil não ter mais um camisa 10. Então, vem Carlo Ancelotti e disseca o problema com a profundidade de quem o enxerga de cima: "O futebol moderno terminou um pouco com este tipo de jogador". Não vale dizer que Messi é 10, porque Messi é muito mais do que isto. É ponta, meia, centroavante falso, jogador total. Também ficou pleonástico o debate sobre não se ter mais um número 9. A escadinha só desce quando se analisa os centroavantes do Brasil de 1986 para cá... Careca, Careca, Romário, Ronaldo, Ronaldo, Ronaldo, Luís Fabiano, Fred, Gabriel Jesus, Richarlison. Ao ser questionado sobre João Pedro poder fazer este papel, afirmou que será centroavante contra o Chile, apesar de ter sido ponta-de-lança pelo Chelsea, contra o Fulham, e que pode exercer este papel. Em outras palavras, disse que uma equipe forte pode ser melhor independentemente de ter ou não ter camisas 9 ou camisas 10. Ancelotti não foge da polêmica. Apenas se alimenta de conhecimento, em vez de polemismo. Não foge das brigas. Somente prefere os atalhos. E enxerga o jogo atual com a maturidade de quem venceu cinco Champions League e as cinco ligas nacionais mais fortes da Europa com formatos e sistemas diferentes. Quando perdeu Shevchenko, em 2006, inventou o Milan da árvore de Natal, com Pirlo, Gattuso, Ambrosini, Seedorf, Kaká e Inzaghi. E fez de Kaká o melhor do mundo. Ganhou a Champions League. Ao ver Benzema partir, em 2023, montou o ataque com Bellingham, Rodrygo, Vinicius Júnior e sem centroavante. Foi campeão da Champions League pela quinta vez e Vinicius foi eleito melhor do planeta. Carlo Ancelotti, o camaleão, jamais desprezará um ótimo ponta-de-lança ou meia-armador que vista o número 10. Nem um extraordinário centroavante com a camisa 9. Apenas sabe que há muitas maneiras de se montar um grande time, sem ser refém de nenhuma posição, craque ou sistema tático.