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Ao fazer o calendário de 2025, a CBF tinha determinado que os jogos finais do Brasileiro fossem coincidentes com o Mundial da Fifa (o 2º no ano). Foi tudo combinado com os clubes. Traçou-se um cenário longe do ideal de obrigar um time a abrir mão de um torneio, mas o único possível. Neste sábado, a CBF mudou o calendário aproveitando-se das ausências nas fases finais da Copa do Brasil de Flamengo, Palmeiras e São Paulo. O final do Brasileiro foi antecipado para o dia 7 de dezembro (antes era dia 21). As semis e as decisões da Copa do Brasil ficam para as datas restantes de dezembro, entre 10 e 21 de dezembro. Foi uma solução da CBF para evitar o conflito de datas, o que faz sentido. O problema original, diga-se, é causado pela Fifa e não pela confederação. Por que a entidade internacional foi quem inventou de ter dois Mundiais em um mesmo ano, quando seria mais lógico suspender a competição antiga em 2025. Mas a sobreposição de datas foi combinada com todos os clubes, e reforçada em duas reuniões entre times e CBF. Todo mundo concordou que o segundo Mundial seria coincidente com a Série A e que, portanto, quem estivesse eventualmente classificado teria usar um time B em um dos dois. Temporadas foram planejadas neste sentido em termos de elenco, tempo de descanso, etc. Ao mudar o calendário, a CBF puniu os clubes que estavam fora da Copa do Brasil e continuam na Libertadores - casos de Flamengo, Palmeiras e São Paulo. Em vez de seis datas de folga, terão uma, duas ou nenhuma (a depender do número de partidas). Há um impacto físico significativo para esses times, especialmente as equipes rubro-negras e alviverde que disputam o título Brasileiro. O Flamengo reclamou, o Palmeiras aceitou, o São Paulo se calou. A CBF, ressalte-se, não está desrespeitando nenhuma regra ao mexer no calendário - chamar de virada de mesa é uma claro exagero. Mas é um fato que ela mudou o combinado anterior afetando quem tinha se planejado com base nele. Quem priorizou o Brasileiro em detrimento da Copa do Brasil levou o prejuízo para casa pois terá zero vantagem. Mas, ao mesmo tempo, a medida da CBF é benéfica para a maior parte dos times. Fora os quatro times das semis da Copa do Brasil, e o eventual campeão da Libertadores, todos poderão encerrar suas temporadas mais cedo. Isso tem um impacto positivo para férias, pré-temporada para 2026. São 14 dias de antecipação. A mudança pode ter inclusive um efeito positivo para o Flamengo e Palmeiras se um dos dois for campeão da Libertadores e já estiver com seu destino no Brasileiro decidido - para o bem ou para o mal. Poderão se dedicar ao Mundial. E ressalte-se que tem aí uma visão da CBF de pensar em si mesma. A prioridade é sempre a Copa do Brasil, competição que lhe dá mais dinheiro do que o Brasileiro. Por isso, a entidade não cogitou antes coincidir datas desta competição com o Mundial, pois seu torneio poderia ser relegado por um time. Mas, no geral, o dilema é entre seguir o combinado com os clubes e priorizar a estabilidade do cenário ou beneficiar a maior parte dos times com mais descanso e evitar conflito de datas. É um problema causado pela irracionalidade do número de jogos no Brasil e para o qual não há resposta fácil. Espera-se que a CBF cumpra com a promessa de reduzir os Estaduais a 11 datas para 2026. Mas isso é só um passo no caminho de minimizar o problema. Enquanto a diminuição de datas não for maior, haverá sempre razão e prejuízo dos dois lados de um debate sobre calendário.