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Admitamos que não houve tentativa de golpe nem antes, nem durante, o fatídico 8 de janeiro de 2023. Que tudo não tenha passado de indignação contra o resultado eleitoral colhido em urnas inconfiáveis porque inauditáveis. A quebradeira ampla, geral e irrestrita na Praça dos Três Poderes, a tentativa de explodir caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, tudo não passou de mero protesto pela falta do voto impresso. Esqueçamos que as mesmas urnas foram usadas para eleger os governadores do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Goiás, todos em disputa do espólio eleitoral de Jair Bolsonaro. Nós, brasileiros, você sabe, temos memória curta mesmo. Fechemos os olhos para que também na família Bolsonaro haja os candidatos a candidato, de sua imaculada Michelle aos filhos Eduardo e Flávio, um fujão sob as saias de Donald Trump, outro complicado entre bombons e rachadinhas, mas, candidatos. (Dos outros dois, Renan não tem idade, nem neurônios, e Carlos parece ter problemas com o psicotécnico, embora não se exija). Ora, como entender tais pretensões se a derrota é líquida e certa nas urnas viciadas? Melhor será recusar a participação na farsa eleitoral e não contribuir para legitimá-la. Até para outros cargos, como o de governador, porque os Tribunais Regionais Eleitorais devem ter aprendido a lição em 2022 e não repetirão o vacilo de deixar passar a vitória contra o "sistema". Ratinho, Romeu Zema e Ronaldo Caiado (já tivemos trio de Erres bem melhor com Rivaldo e os dois Ronaldos) precisam dar demonstração clara ao país do que se trata. Tarcísio de Freitas também. É verdade que a coerência está longe de ser qualidade exercida por políticos em geral, mas até para isso há limites. Ou, então, que venham a público e digam confiar plenamente no processo eleitoral brasileiro e que pelo menos nesse ponto discordam do condenado Bolsonaro que denunciou existir uma sala escura onde as eleições são decididas no Brasil. Seria bom também se deixassem claro posição contrária ao elogio feito pelo presidiário ao torturador Brilhante Ustra. Se não estiverem dispostos a demonstrar que creem nas urnas, só lhes resta sair pelo mundo denunciando a fraude. Correm o risco, é fato, de fazerem o papel de garotos-propaganda do nosso sistema eleitoral, porque há muitos países que o invejam e querem fazer igual. Mas será o que lhes restará: recusar a participação no pleito de 2026 e sair pela Terra plana acusando as urnas.