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Émerson Iser Bem colocou seu nome na história ao conquistar, de forma surpreendente, a em 1997, Paul Tergat. Mais de 20 anos depois, com tatuagem, coque e barba longa, o agora ex-atleta se prepara para . No entanto, desta vez, ele deve ter companhia. O corredor do interior do Paraná deseja que os seus . Dois deles já estão no mundo da corrida, sendo que um, de 18 anos, . Iser Bem está treinando junto com o filho para voltar a participar da São Silvestre e viver essa experiência de uma maneira inédita para ele, . "Eu quero ir com meus filhos. Vai ser uma experiência bastante nova. Eu já corri várias vezes como amador, tenho uma relação especial. Acho a São Silvestre uma prova especial, não só pela minha relação com ela. Quero que eles experimentem isso", disse o ex-atleta. "O meu filho de 18 anos está correndo, não competitivamente. Tenho um outro que está começando agora, talvez seja cedo para ele, apesar dele ser mais velho. O de 18 anos nunca participou de prova, de uma corrida, mas está treinando, está em condições de fazer. Eu também estou fazendo um treininho leve, estou em condições", completou. Discreto, Émerson Iser Bem chegou em 1998 carregado de expectativa e a inconsciente obrigação de . Um ano após ser campeão, ele terminou a prova no . O corredor, impossibilitado de , credita boa parcela do resultado à . "Em 98, isso [fama] atrapalhou. Uma coisa é você correr igual em 97, como um azarão. E outra como favorito. Na época, não tínhamos muita preparação para isso, embora eu tenha competido em provas no mundo inteiro. A São Silvestre é uma situação diferente, isso atrapalhou em pouco", afirmou. "Para você ter uma ideia, em 97, nós aquecemos no terceiro subterrâneo do estacionamento da Fiesp. E, antes de aquecer, nós deitamos no chão e dormimos, tiramos um cochilo de meia hora. No ano que passei a ser favorito, no ano seguinte, já não foi possível isso, tinha toda uma expectativa", acrescentou. Anos depois da edição que o coroou campeão, Iser Bem celebra a . "Hoje eu lido muito bem, não sou mais tão reconhecido assim. Não faço questão de bajulação. Hoje não tem muito isso". O ex-atleta de elite, embora formado em Educação Física, deixou de lado a carreira esportiva para trabalhar no . Atualmente, ele opera com a produção de chips descartáveis para a cronometragem e registro de desempenhos em corridas. Ainda que tenha uma ocupação ligada à modalidade que o exibiu para todo o mundo, Iser Bem prefere como o "vencedor da São Silvestre". "Trabalho com algumas pessoas que só ficaram sabendo que eu venci a São Silvestre anos depois. Eu fabrico e vendo equipamentos para cronometragem, sou fornecedor. Vou em muitas reuniões de corrida. Eu nunca chego e falo que sou campeão da São Silvestre. Eu tenho 52 anos, estou no mundo da corrido desde o 12, então são 40 anos no meio, tenho conhecimento, mas prefiro falar tudo o que eu sei e algumas pessoas só descobrem depois. Quando descobrem que tenho essa ligação, tudo o que falei é potencializado. E eu acho bem melhor do que se fosse ao contrário, do que chegar dando essa 'carteirada'", contou. Émerson Iser Bem relembrou o e explicou por que não conseguiu atingir o pódio no ano seguinte. Ele poderia correr para tal, mas a alta expectativa gerada o fez tentar superar o . "Tínhamos o Paul Tergat, que é inigualável. Hoje, olhando tudo o que passou, foi uma tarefa árdua. É aquela coisa, ao mesmo tempo que a minha vitória foi muito abrilhantada por ter vencido o Paul Tergat, em 98 eu não ganhei porque era o Paul Tergat. A corrida é influenciada. Eu não corri para bater pódio, corri para vencê-lo. Nessa, acabei sendo sexto. Se eu tivesse feito uma corrida mais conservadora, teria sido pódio, mas o meu compromisso era vencer o cara", justifica o corredor. "Eu nunca reclamo da dificuldade, porque essa vitória fez toda a diferença na minha vida. Se tivesse sido um ano que não tivesse estrangeiros correndo, eu viesse e ganhasse, não teria o brilho que teve. Isso me projetou fora do Brasil. Em 97 eu estava em uma forma física excelente, em 98 também, mas o Tergat já me conhecia, então a estratégia dele foi outra", disse. Ele ainda destacou a da São Silvestre, prova que ele aponta como a responsável por . "Quando eu comecei a correr a São Silvestre eram 13 mil participantes, já era muita gente. Hoje estamos falando de 50 mil. A São Silvestre ajudou muito na proliferação da corrida no Brasil, tendo em vista que ela é a prova mais conhecida, a referência". No dia de abertura de inscrições, em , a Corrida Internacional de São Silvestre esgotou as de sua centésima edição. Com isso, a maior prova de rua da América Latina e uma das mais importantes do mundo terá um no dia 31 de dezembro em São Paulo. O número é superior aos 37,5 mil inscritos da edição passada, maior marca até então.