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Em reunião no Conselho Deliberativo, a diretoria do Flamengo anunciou mudanças consideráveis no projeto de seu novo estádio previsto para o terreno do Gasômetro. Houve alterações na capacidade, no custo e no prazo. Mas por que a gestão de Luiz Eduardo Baptista pensa a futura casa rubro-negra de forma tão diferente de Rodolfo Landim? Há críticas das duas correntes políticas no clube em relação a outra. Bap indicou que o projeto anterior foi feito com bases irreais, Landim tem defendido que a nova arena não é uma prioridade para atual gestão. Para além dessas posições, as duas administrações têm concepções bem diferentes de como se deve fazer o projeto. E isso explica as alterações nos fundamentos do estádio. Antes da eleição, Landim apresentou um orçamento de R$ 1,9 bilhão. Envolvia uma execução rápida de obra para conclusão em 2029, prazo com o qual se comprometeu com a prefeitura do Rio. Para financiar sua obra, o ex-presidente confiava nas receitas do próprio estádio. Havia R$ 800 milhões de , dinheiro este com desconto para valor-presente. Uma bilheteria de quase R$ 200 milhões, o que implicaria em ingressos em média bem mais caros. Haveria ainda um telão super sofisticado e áreas vips abundantes. Com base no estudo da FGV, contratado pelo clube, Bap entendeu como irreal esse orçamento. O levantamento apontou que o custo real seria R$ 2,6 bilhões. Como haveria necessidade de financiamento, custo de capital, o valor final chegaria a R$ 3,1 bilhões. A partir daí, o projeto começou a sofrer reduções de custo. A capacidade, que era prevista entre 75 mil e 80 mil, caiu para 72 mil. Um corte de seis mil lugares com menos áreas vips. O telão caiu. Foram reduzidas obras do entorno previstas com a prefeitura do Rio. O custo ficou em R$ 2,2 bilhões, incluindo o custo de capital, segundo Bap. E aí há uma diferença. Desde a campanha, o atual presidente defende que o estádio seja feito com recursos próprios. Quer aumentar a receita do Flamengo e gerar sobra de caixa. Sua premissa era de um crescimento de 50% no faturamento o que o elevaria para a casa de R$ 2,1 bilhões. Isso reduziria o custo de capital, leia-se, juros. É completamente diferente, por exemplo, do Corinthians que contraiu um financiamento na casa de R$ 400 milhões e hoje deve R$ 650 milhões já tendo uma quantia paga. O custo do dinheiro - com a Selic em alta - pesa para uma construção. Em relação ao prazo, o estudo constatou que os entraves com a Naturgy - empresa de gás do Rio que ocupa 50% do terreno - são maiores do que se pensava. Há um tempo necessário para tira-la de lá - a empresa falou até em quatro anos. Além disso, a contaminação deve levar de 18 a 24 meses. Por isso o prazo passou para 2036. Obviamente que a extensão dessa data em quase sete anos também se encaixa na concepção de Bap de gerar receita própria para bancar o estádio. O Flamengo não vai passar a ganhar R$ 2,1 bilhões no próximo ano. É algo que demanda tempo. Veja abaixo as diferenças dos projetos: Custo - R$ 1,925 bilhão Capacidade - 75 mil/80 mil Prazo - 2029 Fonte de financiamento: Custo do mesmo projeto - R$ 2,66 bi a R$ 3,1 bi Custo novo projeto - R$ 2,2 bilhões Capacidade - 72 mil Prazo - Julho 2036 Fonte de financiamento: