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Como sempre, a torcida tricolor lotou sua casa, como sempre fez na Libertadores desde o auge dos anos 90 com aquele timaço do mestre Telê Santana. O bicampeonato de 92/93 e um vice em 94 criaram esse clima diferente, confiante, colorido, com a certeza de que eliminar o tricolor na Libertadores não é uma tarefa fácil. O time de Hernán Crespo fez uma ótima partida e poderia ter vencido o jogo com tranquilidade, mas tinha pela frente um time de peso, perigoso e experiente, como o Atlético Nacional de Medellín. Quando fez o gol no terceiro minuto de jogo, com André Silva, parecia que o destino do jogo já estava traçado. Porém, a Libertadores é um torneio muito traiçoeiro, e já vimos muitas vezes o time da casa, jogando melhor, podendo vencer com facilidade, ver o jogo se complicar por detalhe — como foi o pênalti de empate, batido por Morelos. Mesmo depois disso, o São Paulo teve pelo menos umas quatro chances de fazer o gol da classificação, mas não conseguiu, e a decisão foi para os pênaltis. Aí vem o aspecto psicológico, físico, técnico, os treinamentos, a confiança... mas sempre acompanhados de uma enorme pressão. Como falei do time do Telê dos anos 90, os pênaltis tiveram dois lados dessa história. A primeira é positiva: em 92, no mesmo Morumbi — só que muito mais cheio, porque a capacidade de público daquela época era muito maior —, veio o primeiro título através dos pênaltis contra o Newell's Old Boys. O estádio explodiu quando o zagueiro Gamboa perdeu a última batida, e o São Paulo levantou a taça Libertadores da América. Mas a segunda vez foi negativa, porque, em 94, na hora de ganhar o tri seguido, o time foi traído pelo nervosismo. Nos pênaltis contra o Vélez Sarsfield, do goleiro Chilavert, falhou uma vez com Palhinha, enquanto os argentinos acertaram todos. Mas, nessa noite, o goleiro Rafael teve sua hora de Zetti ou Rogério Ceni: defendeu uma cobrança, enquanto a outra foi no travessão. Mesmo com o erro de Marcos Antônio, o Tricolor passou para as quartas de final, como nos velhos e bons tempos. A última batida ficou com o português Cedric, que não decepcionou os mais 57 mil torcedores que lá estavam e fez o gol da classificação. Festa tricolor no Morumbi, com muito mérito, aplicação, determinação e bom futebol.