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Com a habilidade camaleônica de se adaptar — e vencer — por onde passa, o técnico da seleção brasileira, Carlo Ancelotti, sente-se bem à vontade para analisar o talento brasileiro. Ele já treinou diversos jogadores do país, mas agora tem a responsabilidade de juntar todos eles com a camisa da seleção. O italiano, em um português que pouco a pouco deixa de ser de um iniciante, deu entrevista exclusiva ao . No papo, explicou por que não vê o Brasil com problema de geração de jogadores. E acha que nem nunca vai ter. "Não. Absolutamente, não. Impossível. O grupo que tem os jogadores do Brasil, nenhuma equipe na Europa pode ter essa quantidade de jogadores". "Não tem uma coisa a ver com a outra. É um futebol diferente, mas aqui é preciso considerar três coisas muito importantes: as viagens, porque o calendário é apertado; o clima, que não permite aos times jogarem com muita intensidade — na Europa, o clima é mais frio. Há jogo de qualidade, o Mundial de Clubes mostrou isso, os times brasileiros podem competir com as equipes europeias". "Temos que pensar nisso muito bem. Eu penso isso porque, como disse, a competição é muito grande. Se um jogador como o Vini está lesionado, a seleção pode ter outro jogador mais ou menos da mesma qualidade. É bom para a seleção". "O tema do Neymar é só um problema: de caráter físico. O Neymar segue tendo muita qualidade de jogo, personalidade, caráter. Se ele voltar à sua melhor condição física, todo mundo estará contente que ele esteja na equipe nacional". "O que passou com Baggio e Baresi é que eles se machucaram durante a Copa, e aí não dá para fazer nada além de esperar a recuperação. Se há lesão antes do Mundial, é algo a se pensar com a comissão técnica". "Não sei. Muito difícil pensar no que poderia acontecer. Baresi, na final, jogou muito bem. O Baggio tinha um problema diferente do Baresi, mas nesta Copa a Itália jogou o máximo de suas possibilidades". "Seattle. Depende do sorteio, mas o clima nesta Copa é um aspecto muito, muito importante. O clima de San Francisco é diferente de Nova York. Em 94, a seleção italiana também jogou em NY, e o Brasil, não. A condição física na final era diferente. Treinar no calor é diferente do que treinar em uma boa temperatura". "Bem, eu falo italiano, inglês, agora falo espanhol — porque minha esposa é espanhola de origem —, falo um pouco de francês. Todas as equipes por onde estive eu quis aprender o idioma, acredito que é importante falar o idioma do país onde trabalho". O país do futebol são vários. Aqui na América do Sul, todos os países, Equador, Colômbia, Brasil, Argentina... são países do futebol. Na Europa também. Há muitas equipes que podem competir conosco. A Argentina, obviamente, o Equador e a Colômbia também têm um jogo muito bom. Na Europa, tem Inglaterra, Espanha, França, Alemanha... espero que a Itália esteja na Copa. "Um pouco, mas todo mundo quer jogar. Sou italiano e queria jogar". "O futebol mudou. No aspecto físico, na preparação física, na pressão que o jogador tem antes de um jogo. O que não mudou foi o talento. O talento é genética. No geral, o jogador brasileiro tem mais talento do que outros". "Gosto dos dois hinos". "Eu nunca joguei homem a homem, sempre com zona. No geral, é zona, a defesa tem que ser por zona. Pessoalmente, penso em situações do jogo em que você pode mudar um pouco, por exemplo: fazer uma marcação homem a homem só em uma posição do campo". "Há um prato que gosto muito porque eu comia quando era pequeno. É a polenta. Eu saí do norte da Itália, e a polenta é um prato típico da minha região. Gosto do panorama do Rio, obviamente. Gosto da paixão que as pessoas têm pelo futebol". "A pasta também, obviamente. Tem que comer al dente". "Teremos que nos sacrificar para fazer o melhor que podemos". "Não. Pelé só tem um. Para mim, pessoalmente, o importante é ganhar a Copa do Mundo. Depois, ter outra oportunidade de ganhar outra com o Brasil". A íntegra do papo com Ancelotti está disponível no YouTube do UOL Esporte e será exibida no Canal UOL, no De Primeira, às 14h, na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play. A reexibição no Canal UOL será às 22h.