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O , última etapa do Circuito Mundial de Bodyboarding, entrou em sua fase decisiva. A partir das 9h (de Brasília) deste sábado, na praia de Solemar, em Jacaraípe (ES), serão conhecidas as campeãs das três categorias principais: Profissional, Pro Júnior e Máster. e dona de , a bodyboarder está na semifinal da última etapa do Mundial de Bodyboarding. Neymara Carvalho terá pela frente a compatriota Joselani Amorim, que também está na briga pelo título da categoria Máster, e projetou um duelo de muita qualidade em entrevista exclusiva à . "Eu estou encarando já com muita alegria de estar no pódio. Vou encarar essa semifinal com a mesma alegria que estou entrando em todas as baterias. Joselani é uma antiga adversária. Já disputamos título brasileiro juntas, baterias de Mundial também. Ela é uma excelente atleta, que participa do circuito na região dela, do Mundial e do Brasileiro, assim como eu. Acho o surfe dela lindo, é uma forte candidata ao título nas duas categorias, mas eu vou para garantir o meu. Acho que quem ganha é o público de poder assistir essa semifinal. Tomara que eu me saia muito bem, ela também, e que a gente possa mostrar um surfe de alto nível. Gosto muito do estilo e da linha de surfe dela. e sei dos meus pontos fortes também para enfrentá-la. A outra bateria será de duas meninas. Serão duas experientes e duas novatas [risos]. Vai ser legal", analisou a atleta. Para alcançar a semifinal, Neymara precisou derrubar ninguém mais ninguém menos que Namika Yamashita, atual número 1 do mundo. A brasileira somou uma nota 9 e terminou a bateria com pontuação de 15,65 contra 11,75 da japonesa, avançando para a próxima fase. A vitória de Neymara sobre Namika foi fundamental para a decisão do título mundial. Com a queda precoce da japonesa, Alexandra Rinder, que compete pela Áustria, sagrou-se tricampeã mundial sem nem precisar entrar na água. A bateria da bodyboarder das Ilhas Canárias aconteceria logo após a de Namika. Neymara abriu o jogo e revelou que, no fundo, torcia por uma vitória de Alexandra Rinder para reinterpretar um momento icônico de sua carreira. Em 2009, quando a brasileira ergueu o título mundial, uma pequena Alexandra a ergueu para celebrar a conquista. Na última quarta-feira, ela pôde 'devolver o favor'. "Eu estava até ansiosa por ter que decidir o título para alguém. Nunca passei por isso na minha carreira. Talvez em circuito paulista, circuitos menores, mas nunca um Mundial. Já fui protagonista ao contrário, já ganhei meu título com a Isabela [Sousa] tendo que ganhar a etapa, e aí acabou dando o título para mim. E eu projetei na minha cabeça passar, para que esse momento se repetisse. Lá em 2009, nas Ilhas Canárias, a Alexandra [Rinder] me segurou. Ela era uma criança e eu lembro dela me levantando assim. Eu busquei motivação, e essa lembrança foi uma motivação", revelou Neymara. "Falei: 'Cara, quero passar essa bateria, porque quero fazer o mesmo com a Alexandra. Eu sei que não vou aguentar, porque ela é maior que eu, grandona, mas vou falar isso para ela'. Na hora que eu saí da água, fui até ela e levantei, dizendo: 'Olha, você fez isso comigo na sua casa em 2009, e eu estou fazendo com você'. E foi massa. Eu tenho que buscar pequenas motivações para estar no esporte, para me motivar a cada bateria. O Wahine é uma explosão de emoções, o trabalho junto, e o olhar técnico que preciso ter. Eu acho que é a etapa mais difícil para mim de concentração, de realmente conseguir mostrar meu surfe, e está tudo dando certo por enquanto", acrescentou. Do outro lado da chave do Wahine, Luna Hardman e a portuguesa Filipa Broeiro se enfrentam em busca de uma vaga na grande decisão. A final do torneio, portanto, poderá estar em família, uma vez que Neymara Carvalho é mãe de Luna. "Eu quero só buscar essas pequenas motivações. Claro que a maior delas agora é estar na final com a minha filha, mas eu estou muito contente de já estar na semifinal com ela. Isso é inédito na minha vida também, é histórico, mas já que tem mais uma disputa pela frente, eu queria com certeza estar na final", disse Neymara. Trabalhar a saúde mental é parte fundamental da carreira de todo atleta de sucesso. Com Neymara Carvalho, isso não é diferente. A pentacampeã mundial revelou que, por influência indireta da filha, foi buscar um psicológo depois de muitos anos longe de consultas. "Eu já tive [um psicólogo] há muitos anos, mas tinha simplesmente abandonado isso. E quando eu estava focando na carreira da Luna, uma das primeiras coisas foi procurar uma psicóloga para ela, para ela não sofrer com esse peso de ser filha da Neymara Carvalho. Para realmente prepará-la como atleta, sabe? Ela teve treinador desde sempre, para não ser a mãe treinando, mas eu conversava com o treinador [risos]. A psicóloga foi parte dessa construção da carreira profissional dela. Coloquei para fazer inglês, e ela fala inglês fluente. São coisas que eu acreditava que seriam importantes para a vida dela. Eu não tive isso, mas automaticamente busquei sozinha, o que as outras faziam e tal. E aí eu vi também a necessidade através das minhas próprias dificuldades, seja na vida pessoal, quanto na competitiva, que eu também tinha que ter o meu. Olhar para a Luna fez eu olhar para mim depois", afirmou Neymara. A atleta de 49 anos ainda contou que se vê bem para buscar o sexto título do Circuito Mundial de Bodyboarding - sua última conquista foi em 2009, nas Ilhas Canárias. Ela, assim, buscou o trabalho com um psicológo pois sente que pode ganhar o Mundial mais uma vez. "Busquei justamente para lidar com todas as questões, porque o atleta é um indivíduo, né? A gente não cuida só da parte esportiva, é um todo. Mas também, uma das primeiras coisas é que eu quero voltar a ser uma atleta campeã mundial, sabe? Para isso, a gente foi vendo todas as coisas que eu tenho que reorganizar na minha vida, inclusive a situação de competir com a Luna, para que realmente eu consiga lidar com isso e desassociar do papel de mãe na hora da bateria. Então, eu levei isso para ele e falei: 'Eu sinto que eu posso disputar um título. Eu quero e você tem que me ajudar nisso'. O psicólogo me ajudou muito", comentou. Neymara, inclusive, revelou um pequeno bastidor e disse que seu psicólogo estava na praia do Solemar antes da bateria decisiva contra Namika Yamashita, pelas quartas de final do Wahine. Ela se concentrou e soube aproveitar as oportunidades que o mar havia lhe dado. "Inclusive, ele estava na bateria antes da Namika. A gente fez umas dinâmicas. Eu fechei a a sala ali, fizemos umas dinâmicas e ele me recentralizou para o momento presente. E foi perfeito, porque eu entrei totalmente sintonizada, esqueci que era mãe, esqueci que era organizadora, eu era só a atleta. E quando veio aquela onda, eu falei: 'Nossa, meu Deus. É minha'. Não tinha como eu não fazer, sabe? Eu senti que era meu presente. Sabia que seria um high score, mas não um nove. E adorei", completou. .