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Ao anunciar o novo calendário, a CBF determinou a redução dos Estaduais, extensão do Brasileiro por dez meses e mudanças na Copa do Brasil. Para chegar a essa reforma radical, a entidade teve de convencer seus parceiros como federações e TVs. No caso dos Estaduais, houve uma redução de 16 para 11 datas nas competições que sempre foram o xodó das federações. As entidades, diga-se, são as principais eleitoras no pleito da CBF. E como a CBF as convenceu? O principal ponto foi garantir aos clubes menores dos campeonatos estaduais que teriam um volume de jogos mesmo com os Estaduais menores. Para isso, foram essenciais as reformas nas competições. A Copa do Brasil passou de 92 para 126, ampliando o número de vagas para os Estaduais. A Série D aumentou de 64 para 96 clubes. E a Série C também vai crescer para até 28 clubes em 2028. Isso garantiu um calendário para a maioria dos times nas primeiras divisões dos Estaduais. Em Goiás, fora os rebaixados, todos as outras equipes devem ter jogos por sete meses. No Ceará, pode haver só um time ou nenhum sem competições pós-Estadual, a depender de definições dos próximos torneios. A ampliação e criação de Copas regionais ainda proporcionam outro bloco de jogos para os times menores. Agora, todas as federações têm times nas Copas. A avaliação das federações é que, com isso, seus clubes terão inclusive mais recursos com as cotas das Séries D, C e fase inicial da Copa do Brasil do que com Estaduais. Além disso, em negociação, a CBF topou manter os Estaduais por três meses, simultâneos ao Brasileiro, em vez de espremidos em um mês e meio. Com isso, as federações ganham valor nos contratos das competições. Outro desafio da CBF era convencer os detentores dos direitos da Copa do Brasil sobre as mudanças. A final em jogo único tira uma partida decisiva. A Globo inicialmente via um prejuízo. A ideia inicial da CBF era também que a 5ª fase da Copa do Brasil fosse em jogo único. Em conversa com a Globo, passou a ser ida e volta. Assim, aumenta uma data com times grandes e reduz-se a chance de zebras, aumentando valor. Para além disso, a Globo ficou satisfeita com o resultado global do calendário. Com o Brasileiro estendido, haverá impacto positivo no pay-per-view que o assinante terá de comprar por mais tempo. Ou seja, aumenta o fluxo por esse produto. A mudança para a final única também causou bastante debate interno na CBF. Entre dirigentes da entidade, há consenso de que foi a questão que mais teve opiniões divididas. Afinal, prevaleceu a decisão em um jogo pela economia de uma data e pela possibilidade de fazer um grande evento para encerrar a temporada. O debate na CBF durou três meses até ser concluído com o formato final do calendário.