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O futebol brasileiro "declarou guerra" ao Al-Hilal, time que Neymar defendia até o começo do ano e que chegou até as quartas de final da edição inaugural do Mundial de Clubes da Fifa. O lateral esquerdo Renan Lodi, até pouco tempo atrás presente em convocações da seleção, simplesmente foi embora da Arábia Saudita e pediu encerramento unilateral do contrato com o clube. Os atacantes Marcos Leonardo e Kaio César também andam descontentes com os últimos acontecimentos em Riade. Mas, pelo menos por enquanto, continuam à disposição da equipe. O motivo da onda de descontentamento é a lista de estrangeiros inscritos no Campeonato Saudita. Dos quatro representantes do país pentacampeão mundial que faziam parte do seu grupo de jogadores até o fim da temporada passada, apenas o atacante Malcom foi relacionado para o elenco principal em 2025/26. Kaio César entrou em uma segunda lista, destinada a atletas com no máximo 21 anos, que só pode ser acionada quando o time deixa de utilizar algum dos oito estrangeiros sem limite de idade a que tem direito. Ele também já está ciente de que deve ter menos oportunidades do que em 2024/25. Já Renan Lodi e Marcos Leonardo, um dos artilheiros do Mundial, simplesmente não foram inscritos na liga nacional. Eles cederam suas vagas de estrangeiros para o francês Theo Hernández (ex-Milan) e o centroavante uruguaio Darwin Núñez (ex-Liverpool), contratados nesta janela de transferências. Como estão barrados da Saudi League até a virada do ano, quando a lista de inscritos pode ser alterada, Lodi e Marcos Leonardo teriam de ficar quase que em estado de "férias remuneradas" neste resto de 2025. Eles só poderão ser utilizados na Liga dos Campeões da Ásia, que tem seis rodadas previstas até dezembro. Antes mesmo de Lodi decidir retornar ao Brasil, o comportamento do Al-Hilal já havia provocado a a revolta dos estafes dos jogadores rebaixados. Expressões como "falta de respeito" e "por terem dinheiro, eles acham que podem tudo" têm sido usadas frequentemente por pessoas ligadas a esses atletas para se referir aos dirigentes sauditas. A principal reclamação é que o clube recusou nas últimas semanas/meses propostas de transferências pelos brasileiros, mesmo ciente de que eles teriam espaço reduzido (ou até nulo) no planejamento da nova temporada. Lodi até enviou seu empresário para a Arábia na última semana para tentar resolver o impasse e descolar uma transferência para não ficar parado em uma temporada que definirá os convocados para a Copa do Mundo-2026. No entanto, a janela saudita fechou, e nada aconteceu. "Busquei assessoria jurídica e fui informado de que não posso ser privado de exercer a minha profissão. Tomei a decisão de buscar os meus direitos, como qualquer trabalhador que é impedido de exercer o seu trabalho. Espero ansiosamente que os órgãos responsáveis julguem o meu caso o mais rápido possível para que eu possa voltar a fazer o que eu amo sem nenhuma restrição", disse o lateral esquerdo, em nota publicada em seu perfil no Instagram. Descontente com o retorno de Lodi ao Brasil, o Al-Hilal já anunciou que tomará "todas as medidas legais necessárias" para preservar aquilo que foi acordado no contrato com o jogador, válido até junho de 2027. Marcos Leonardo, por outro lado, chegou a abdicar do salário que havia acertado com o São Paulo para que o clube do Morumbi o transformasse em indenização que seria paga ao Al-Hilal por seu empréstimo. Mesmo assim, os sauditas travaram o negócio. Kaio César teve propostas do Brasil (Corinthians e Cruzeiro) e sondagens de equipes do escalão mais alto de Portugal (Porto e Sporting). A diretoria do Al-Hilal prometeu que o atacante não será rebaixado ao elenco sub-21 e atuará apenas pelo time principal. Porém suas oportunidades devem ser reduzidas porque agora há três garotos para duas vagas destinadas a jovens estrangeiros -o goleiro francês Mathieu Patouillet e o zagueiro turco Yusuf Akçiçek.