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Esporte Futebol Promessa do Grêmio quase morou na rua e agora vale R$ 100 milhões Thiago Rabelo Colaboração para o UOL 18/10/2025 05h30 Deixe seu comentário Carregando player de áudio Ler resumo da notícia Gabriel Mec, do Grêmio, tem status de maior revelação da história recente do clube Imagem: Rafael Assunção/Ag. Paulistão Gabriel Mec foi apontado pelo jornal The Guardian como um dos jovens mais promissores do futebol mundial. Com propostas de R$ 100 milhões de Chelsea e Shakhtar, o jovem do Grêmio ostenta o status de ser a maior revelação da história recente do clube. Hoje, alegria. Ontem, batalha A atual realidade contrasta bem com a de anos atrás, quando morava em uma pensão com 60 pessoas e que se agravou na sequência a ponto de ter de decidir entre morar embaixo de um viaduto ou em frente a uma padaria em Porto Alegre. Nós íamos ser despejados. Eu não tinha dinheiro para pagar o aluguel e não tinha outro lugar para morar. Estávamos com os dias contados e eu não sabia o que fazer. Eu andava na rua olhando onde dava para morar, se seria debaixo do viaduto ou em frente a uma padaria. Robson Macedo, pai de Gabriel Mec, ao UOL Josias de Souza Eduardo se desespera com diplomacia Brasil-EUA A Hora Trump anunciar 'missão clandestina' já é a missão Milly Lacombe Por que o Flamengo sucateia o time feminino? TixaNews Maduro? Venezuela? Vocês por aqui? De novo? Antes de chegar ao momento mais crítico, Gabriel Mec teve de enfrentar outros problemas. Nascido em Campos do Goytacazes, ele se mudou para Porto Alegre em 2018 com a mãe. Sem condições de pagar por uma moradia particular, a saída foi trabalhar e morar em uma pensão próxima ao centro de treinamento do Grêmio com outras 60 pessoas. Nós morávamos em uma pensão que recebia jogadores do Grêmio. Nosso quarto era bem pequeno, cabia só a minha cama e a do Gabriel. Eu nunca tinha passado dificuldades na minha vida, mas essa fase foi muito difícil. Como era muita gente, nada parava limpo, os banheiros eram muito sujos. Tudo era a tia Ana, tia Ana, porque éramos só eu e mais uma mãe na casa com aquele tanto de menino. No fim de semana, os pais dos meninos bebiam muito e a situação era ainda pior. Ana Márcia de Carvalho, mãe de Gabriel Mec, ao UOL Gabriel Mec ao lado dos pais; jogador acumulou problemas na infância Imagem: Arquivo pessoal Nos primeiros dois anos, apenas Ana Márcia e Gabriel Mec moraram em Porto Alegre. Distante da família, a mãe queria desistir e ouvir as propostas de clubes do Rio como Botafogo, Flamengo e Fluminense, mas foi impedida pelo filho. "A primeira vez que meu marido veio a Porto Alegre, ele ficou apavorado porque o lugar era muito pequeno e com muita poeira. Nessa época o Gabriel vivia resfriado porque as condições não eram boas. O quarto era todo mofado. Eu queria ir embora. Cheguei a arrumar minhas malas várias vezes, mas o Gabriel nunca deixava", disse. Eu comecei a entrar em um quadro depressivo. A mãe de um jogador veio conversar comigo e me perguntou se eu estava bem. Eu disse que sim, mas ela sabia que eu não estava e eu comecei a chorar muito. O Gabriel foi muito forte nessa época. Quando eu arrumava as malas, ele dizia para não nos preocuparmos porque as coisas iam melhorar e que ele ia vencer na vida. Olha só! Ele tinha 9, 10 anos e era ele quem me motivava. Minha amiga me disse que sou forte, mas forte é o Gabriel. Foi ele quem segurou tudo o que vivemos. Ele queria vencer no Grêmio e vai vencer. Ana Márcia Continua após a publicidade Covid-19 deixou família sem teto Gabriel Mec e Ana Márcia depois se mudaram para uma outra pensão com menos pessoas. Eles ficaram no local até janeiro de 2020, quando Robson se mudou para Porto Alegre. O que parecia ser o início de um tempo melhor para a família logo se desmoronou com a pandemia de covid-19. Gabriel Mec, do Grêmio, em foto de arquivo Imagem: Arquivo pessoal No terceiro mês de trabalho em Porto Alegre, Robson foi demitido . Formado em pedagogia, ele era coordenador pedagógico no interior do Rio, mas desde 2013 atuava como chefe de logística, mesmo cargo que ocupou nos primeiros meses no Rio Grande do Sul. Sem emprego e sem renda, a vida na cidade se tornou insustentável. Joguei a toalha. Eu virei para a minha família e disse que não tínhamos mais comida. Que aquela sexta-feira era o último dia que tínhamos algo para comer. Falei para eles que eu falhei como homem e falhei como pai. Eles não mereciam aquilo. Eu me tranquei no quarto e passei a noite chorando. Eu e o Gabriel corríamos sempre na rua. Mas nessa época eu dizia que estava cansado e que preferia andar. Mas na verdade eu estava era olhando com atenção qual lugar na rua íamos morar. Eu tinha escolhido uma esquina em frente uma padaria, mas o Gabriel queria outro lugar porque lá tinha um cachorro na rua, e o Gabriel tem medo de cachorro. Robson Continua após a publicidade Além dos pais desempregados, Gabriel Mec também perdeu o salário que recebia do Grêmio . Por causa desse corte, um grupo de torcedores se movimentou para ajudar os funcionários de baixa renda do clube. Foi em uma dessas ações que a família Mec escapou da fome e das ruas. Eu passei a noite toda chorando. Eu não tinha mais nenhuma energia. Mas no dia seguinte alguém bateu no portão e gritou 'Mec Mec'. Era um casal de torcedores que soube da nossa dificuldade e nos deu duas cestas básicas. Eu chorei de novo e contei o que estávamos vivendo, que íamos ser despejados. Mas uma vizinha ouviu a história e nos chamou para morar com ela. Ana Márcia A vizinha que ficou sensibilizada com a história era a mãe de Lucas Camilo, volante que foi campeão sul-americano sub-17 com o Brasil em 2023 . Além do grupo de torcedores e da família de Lucas Camilo, Gabriel Mec também contou com a ajuda de Nathan Fernandes, Smiley e João Felipe, todos eles da base do Grêmio. "Depois disso todo mundo começou a ajudar todo mundo. Eu comecei a trabalhar na padaria da família do Nathan Fernandes e o Grêmio voltou a pagar a ajuda de custos de antes . Antes não tínhamos o que comer, então eu tento ajudar sempre quem precisa. É uma forma de mostrar a gratidão que tenho a Deus. Mas isso demorou muito. Foram quatro, cinco anos de muita dificuldade", complementou Ana Márcia. Da fome ao profissionalismo A atual realidade de Gabriel Mec contrasta bastante com o que ele viveu anos atrás. Se antes tinha dificuldades de moradia e comida, hoje ele conta com uma equipe de profissionais para auxiliar no seu desenvolvimento. Desde o fim de 2021, tem feito um trabalho particular para aumento de força e estatura. Saiu de 55 para 68 quilos e ganhou 13 centímetros de altura. Continua após a publicidade Gabriel Mec é uma das principais promessas do Grêmio Imagem: Reprodução/Instagram/@gabriel_mec__ Desde o ano passado, o atacante tem uma equipe própria formada por seis profissionais : dois preparadores físicos, um fisioterapeuta, um endócrino, um técnico de neuro-performance e um de performance. "Nós nunca passamos fome, mas não tínhamos uma alimentação legal. O Gabriel era muito magro, estava bem abaixo do peso", detalhou a mãe do gremista. Sobre as dificuldades do passado, a mãe prefere entender que foi uma etapa de superação que fez com que a família se unisse e que ajudou a formação do filho. Antes eu contava a minha história em lágrimas, mas hoje eu tenho é gratidão por tudo que a gente passou. A cada vitória do meu filho, eu choro muito e agradeço a Deus por tudo que estamos vivendo. Eu quis muito desistir, mas o Gabriel nunca deixou. Ele é o responsável por tudo que estamos vivendo. Eu contei essa história para o presidente (Alberto) Guerra. Valoriza esse guri porque ele realmente ama o Grêmio. Quando eu arrumava as malas para ir embora, ele me abraçava, prometia que ele ia dar uma nova vida para nós e que venceria no futebol. E ele está vencendo. Ana Márcia Comunicar erro Deixe seu comentário Veja também Deixe seu comentário O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL. UOL Flash Acesse o UOL Flash As mais lidas agora Ministro de Maduro surge com facão e pede mobilização de civis na Venezuela Fim do mistério: 'Vale Tudo' tem reviravolta inédita e Odete está viva Piloto cai em área de dunas e morre durante etapa do Rali de Marrocos 'Não serve como exemplo para ninguém', diz Emerson Leão sobre Neymar Casamento, Fátima rica, reviravolta: o que aconteceu no final de Vale Tudo?