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Em nove minutos em São Januário, cada time, Vasco e Corinthians, haviam feito três faltas. Uma falta a cada 1 minuto e meio. Não se poderia esperar outra coisa de dois times desesperados por se afastar da Z4. Computados os 22 jogadores em campo, apenas um é daqueles capazes de tirar o torcedor de casa só para vê-lo: o veterano Philippe Coutinho. Vegetti estava no banco porque Fernando Diniz pode ser meio maluco, mas não é burro: depois do 6 a 0 sem ele e do 0 a 2 com ele, insistir com o argentino em mau momento seria estupidez. Já o Corinthians sem Memphis, Carrillo e Yuri, machucados, começou o clássico também sem Garro, no banco, com dores no joelho. Ou seja, era mesmo de se esperar mais briga que jogo. Coutinho, do bico esquerdo da área, quase marcou um golaço, mas a bola o traiu ao passar rente à trave. O Corinthians jogava melhor até que, aos 20 minutos, Bidu encontrou Maycon na entrada da área como se estivesse na sala da casa dele, à vontade, para finalizar e abrir o placar: 1 a 0. Diniz paria uma criança a cada minuto, descontrolado nas últimas. O jogo seguia de pobreza técnica franciscana, à altura da parte baixa da tábua de classificação. Os alvinegros seguiam melhores, o que não chega a ser nada tão especial diante da pobreza cruzmaltina. Aos 33, Charles não fez 2 a 0 porque bateu grosseiramente na bola que sobrou para Bidon ser atrapalhado por Pumita e também não conseguir fazer o gol. O jogo era disputado em ritmo devagar, quase parando. Bidu, que jogava até bem, deu um carrinho estúpido na intermediária e recebeu o cartão amarelo que o tira do Dérbi do domingo, em Itaquera. Aos 40, Rayan, bateu no ângulo e Hugo desviou no travessão. Em seguida Tchê Tchê se machucou e Vegetti foi chamado para o lugar dele. Pumita e Rayan, os dois jogadores mais xingados por Diniz, acabaram por participar de dois lances importantes; o primeiro ao evitar o 2 a 0 e o segundo que quase fez o 1 a 1. Havia um clima estranho no estádio, de impotência, conformismo, esquisito. Para o segundo tempo era de se esperar melhor desempenho corintiano com a presença de Garro para criar, embora seja justo registrar que no primeiro tempo o time mostrou comportamento competitivo bem superior ao do Vasco e mereceu a vantagem. O segundo tempo seguiu no mesmíssimo diapasão e se o Corinthians caprichasse no último passe teria ampliado o placar nos primeiros três minutos. Difícil dizer se falta capricho ou arte, quase certa a primeira alternativa. A torcida vascaína mostrava impaciência, o que é melhor que conformismo, embora mais desgastante. Charles jogava feito leão nos desarmes e um desastre nos passes e arremates. O Vasco começou a levantar bolas na área para Vegetti e numa dessas, aos 9 minutos, André Ramalho bateu o braço aberto na bola e o pênalti foi marcado com auxílio do VAR. Vegetti bateu e empatou 1 a 1, aos 14. Acidentes acontecem e, por acidente, o Vasco chegou à igualdade. Rodrigo Garro entrou aos 17, no lugar de Charles. Kayke também saiu para Vitinho entrar e Maycon deu lugar a Rayan. Com a consciência de que é superior e de que jogava melhor, o Corinthians seguiu no ataque, Garro bateu livre da entrada da área para rebote de Léo Jardim, sobra de Matheuzinho e passe para Gui Negão botar o alvinegro outra vez na frente, aos 23: 2 a 1. Restabelecia-se a vantagem paulista, David e Jair saíram para Andrés Gomez estrear e Cauan Barros entrar, aos 28, diante de mais de 20 mil torcedores sofredores. Coutinho andava sumido do clássico até que bateu falta rente à trave, porque na bola parada é um perigo. Nuno Moreira saiu e GB entrou, aos 37, e Matheuzinho foi embora para a Félix Torres chegar, motivo de preocupação para a Fiel. Aos 40, Garro bateu escanteio na primeira trave e Gustavo Henrique cabeceou para fazer 3 a 1 e liquidar com o jogo. Romero substituiu Gui Negão. Aos 50, nas costas de Félix Torres, Gómez encontrou Rayan e estufou a rede corintiana: 3 a 2. A insistência com Félix Torres é um convite ao suicídio. A vitória traz alívio para os corintianos e aconteceu acima de qualquer discussão sobre seu mérito, apesar de todos os desfalques. Havia seis jogos que o Timão não saboreava o gosto dos três pontos e agora enfrentará o Furacão, pelas quartas da Copa do Brasil, na quarta-feira, na Baixada. Derrota que acende sinal vermelho na vida cruzmaltina.