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Técnico do Palmeiras desde 2020 e protagonista do trabalho mais longo do futebol brasileiro na atualidade, Abel Ferreira não havia sequer estreado como jogador profissional quando Philippe Clément dirigiu pela primeira vez o SU Dives-Cabourg. Em tempos de empregos efêmeros e trocas constantes de profissionais em busca de resultados melhores, até mesmo dentro da Europa, o treinador de 54 anos pode se considerar um "milagre". Já são 31 temporadas consecutivas e mais de mil partidas oficiais comandando o time da Normandia, no norte da França. E o mais impressionante de tudo: Clément nunca obteve conquistas tão expressivas assim que justificassem esse incomum tempo de permanência no mesmo clube. Na sua gestão, a equipe flutuou entre a quarta e a sétima divisão. Atualmente, disputa o Championnat National 3, o terceiro nível do futebol na França. A história da parceria entre Clément o Dives-Cabourg começou graças a um anúncio de jornal. Em 1994, o clube procurava um novo técnico e fez questão de avisar que estava com "vagas abertas" na imprensa local. O futuro escolhido para o cargo não era treinador, mas sim jogador. Mesmo assim, resolveu arriscar. Para sua surpresa, acabou escolhido não só para dirigir o time, mas também para defendê-lo dentro de campo. "Eu era jogador e treinador, mas estava machucado. Então, praticamente não joguei no primeiro ano. Dá para falar que foi uma benção, já que acabei sendo mais ativo como técnico. Depois que me recuperei, continuei jogando por mais cinco ou seis anos, até conseguimos uma promoção para a quarta divisão", relembrou Clément, em entrevista ao jornal "Ouest-France". Embora dirija um time que está bem longe de ser uma potência, o treinador do Dives-Cabourg já conseguiu ficar conhecido na França graças à sua longevidade no mesmo trabalho. Ele é frequentemente comparado a Guy Roux, lendário treinador que passou mais de 40 anos no Auxerre entre as décadas de 1960 e 2000. "Não sei se consigo viver sem isso. Senti emoções únicas por mil semanas. A última partida da minha carreira? Não penso nisso, não sei se está perto ou longe", disse, em abril, quando dirigiu seu time pela milésima vez. Nenhum técnico da primeira divisão francesa tem nem sequer 10% do tempo de casa de Clément. Atualmente, o trabalho mais longevo da Ligue 1 pertence a Christophe Pélissier, treinador do Auxerre há dois anos e dez meses. Atual campeão nacional e vencedor da última Liga dos Campeões da Europa, o espanhol Luis Enrique está iniciando a terceira temporada à frente do Paris Saint-Germain. O PSG, aliás, é um dos quatro times que somaram seis pontos nas duas primeiras rodadas da atual edição do Francês. Além dele, Lyon, Toulouse e Strasbourg também estão com 100% de aproveitamento. No próximo fim de semana, pelo menos um deles deixará de ter uma campanha perfeita. Afinal, Toulouse e PSG se enfrentam em um confronto direto pela liderança, no sábado. Lyon e Strasbourg também terão compromissos duros na terceira rodada, contra Olympique de Marselha e Monaco, respectivamente.