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Santiago foi pequena para o drama: o Brasil começou em desvantagem, buscou a virada e acabou vendo o México arrancar um empate nos minutos finais — 2 a 2 que deixa a torcida com gosto de quero mais e o cronista com caneta afiada. O jogo teve capítulos: Domínguez abriu para o México, Rafael Coutinho – um dos palmeirenses destacados na noite – acertou um lindo chute para empatar ainda no primeiro tempo, e Luighi apareceu com categoria para colocar o Brasil à frente na etapa final. Foi bonito, intenso e, por alguns instantes, tão definitivo quanto uma promessa de verão. Mas o futebol não aceita rascunho: Diego Ochoa subiu mais que a zaga brasileira aos 40 minutos e igualou de cabeça, devolvendo ao México a chance de sorrir no fim. A virada que não se confirmou virou lembrança — e deu ao jogo a dureza e a poesia dos empates arrancados no último sopro. O empate também diz muito sobre o equilíbrio do Grupo C: Marrocos já venceu a Espanha por 2 a 0, o que transforma cada ponto em moeda de alto valor e deixa a classificação tão imprevisível quanto um pênalti no último minuto. A conta da primeira rodada, portanto, é economia de pontos e drama concentrado. Por trás do espetáculo, porém, corre outro enredo: este Mundial sub-20 anda sem as estrelas de cartaz. Nomes como Estêvão, Endrick, Vitor Roque, Lamine Yamal e outros jogadores já integrados aos elencos principais dos seus clubes ficaram de fora — às vezes por cláusula, às vezes por opção técnica — e o torneio ganhou ares de vitrine para quem ainda busca espaço. Isso deixa espaço para surpresas, mas também tira um pouco do brilho internacional que a competição costuma ter. Nem tudo é ausência: o espetáculo de Coutinho, as leituras de jogo de Luighi e nomes como Wesley e Pedrinho aparecem como lembretes de que talento não falta — só está espalhado em lugares diferentes. Em outras palavras: menos celebridade, mais oportunidade. Fica, então, a síntese do dia — e do torneio que começa: emoção debaixo da lona, jogadores em busca de palco e um empate que é ao mesmo tempo frustração e advertência. O Brasil saiu com um ponto e o mundo sub-20 segue, sem algumas estrelas, com espaço de sobra para quem aceitar a boleia da história. A cobertura continua; prometo voltar amanhã com novos focos e novos verbos para falar do que vier.