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Análise dos Times

Psg

Principal

Motivo: O artigo foca na conquista de Dembelé com o PSG, destacando sua evolução e papel crucial na equipe parisiense.

Viés da Menção (Score: 0.4)

Motivo: A análise da passagem de Dembelé pelo Barcelona retrata um período de dificuldades e talento desperdiçado, com um tom crítico sobre sua adaptação e lesões.

Viés da Menção (Score: -0.3)

Motivo: É apresentado como um clube que soube desenvolver jovens talentos, onde Dembelé teve uma temporada de sucesso antes de sua transferência milionária.

Viés da Menção (Score: 0.5)

Motivo: Mencionado como o clube onde Dembelé surgiu como um furacão, destacando seu potencial inicial.

Viés da Menção (Score: 0.3)

Motivo: Citado apenas no contexto de uma goleada do PSG em uma final, sem detalhamento sobre o desempenho da equipe em si.

Viés da Menção (Score: 0.0)

Palavras-Chave

Entidades Principais

Barcelona Real Madrid Neymar PSG Bola de Ouro Kylian Mbappé Borussia Dortmund Luis Enrique Ousmane Dembelé Paris Ronaldinho Stade Rennais Thierry Henry Internazionale Yann Sommer

Conteúdo Original

No palco do Teatro Chatelet, em Paris, Ousmane Dembelé falava com a voz trêmula. Nervoso, o atacante francês de 28 anos anos soltava frases curtas e sinceras. "Meu objetivo nunca foi ganhar a Bola de Ouro" disse, segundos depois de ser anunciado por Ronaldinho como o vencedor. No momento de maior protagonismo individual da carreira, Dembelé era a imagem do desconforto: segurava com a mão direita um dos microfones do púlpito, como se precisasse se agarrar a algo para não derreter diante dos olhares do mundo inteiro. A mão esquerda, dentro do bolso da calça, não ousava tocar o troféu de 12 quilos que repousava a poucos centímetros do jogador. Naquele momento, Dembelé já era o melhor jogador do mundo na temporada 2024-25, eleito por jornalistas de uma centena de países. Mas ele mesmo parecia não acreditar. Com um fiapo de voz, lembrou da mãe — que foi chamada a subir ao palco —, chorou ao falar do empresário e dos amigos de infância. As cenas são incomuns nesse tipo de prêmio, que costumam cair nas mãos de superestrelas, de gente mais acostumada a ter o mundo todo olhando para si. É incomum, também, a trajetória que levou Dembelé ao topo do futebol mundial. Aos 18 anos, ele surgiu como um furacão no Stade Rennais, da França. Rápido, habilidoso, ambidestro, atrevido... E tímido. Depois de ser cortejado por clubes da Inglaterra e pelo Barcelona, acabou indo parar no Borussia Dortmund, da Alemanha, um dos times que melhor sabe desenvolver jovens talentos no mundo. Uma temporada na Bundesliga foi o bastante para comprovar que o fenômeno era real — e para catapultar o valor de mercado do francês. O Dortmund, que pagou 15 milhões de euros por ele em 2016, vendeu por 105 milhões ao Barcelona 12 meses depois. Um lucro de 90 milhões de euros; ou R$ 566 milhões, em valores atuais. Dembelé chegou ao Barcelona para substituir Neymar. Era um dos jogadores mais promissores do mundo, comparado a brasileiros como o próprio Neymar e a Ronaldinho Gaúcho, e considerado o melhor ponta francês desde Thierry Henry. A pressão de chegar à Catalunha para se transformar em uma superestrela, aos 20 anos, jogou a vida de Dembelé em uma espiral descendente. O nervosismo atrapalhava em campo, a timidez não ajudava a criar laços num vestiário complexo, a falta de conhecimento nos idiomas espanhol e catalão isolavam ainda mais o jovem prodígio. Aí, o garoto que teria de conquistar o mundo passou a mal sair de casa. Diretores do Barcelona nos tempos de Dembelé relataram ao que eram comuns as noites em claro jogando videogame e comendo fast food. As poucas horas de sono e a alimentação desregrada não ajudavam na recuperação de lesões — e foram muitas. Quando saiu do Barcelona em 2023, aos 26 anos, Dembelé já era um vencedor de Copa do Mundo (ganhou com a França em 2018, sendo reserva na fase final), mas carregava uma imagem de talento desperdiçado. Era um "ex-futuro melhor do mundo". Um manancial de habilidade e técnica que não conseguia transformar o potencial em resultados. A transferência pro PSG era vista como um movimento crucial para tentar reconduzir a carreira. Há uma série de fatos que se combinam para reformular a vida e a obra de Dembelé; alguns deles, como o casamento e a paternidade, aconteceram ainda em Barcelona. "Ele mudou muito a partir dali", disse ao uma pessoa próxima ao jogador. Faltava a metamorfose dentro de campo. Em Paris, o caminho do atacante cruzou-se com o Luis Enrique, treinador que hoje o francês diz ser "como um pai" para ele. Na primeira temporada, em 2023-24, Dembelé aprendeu a se esforçar pelo grupo: passou a marcar mais, a correr para a estrela da companhia — Kylian Mbappé — pudesse brilhar. Com a saída do astro para o Real Madrid, a carreira de Ousmane chegou a uma encruzilhada: ele precisaria ser protagonista. "Você precisa acreditar que pode ganhar a Bola de Ouro", ouviu de um membro da comissão técnica, em uma reunião no início da temporada 2024-25. Luis Enrique precisava despertar um animal competitivo num jogador tímido, que não estava acostumado a ser protagonista, e passara os últimos anos escondido atrás de estrelas que tinham a responsabilidade de decidir os jogos. À base de muita insistência e de algumas rusgas (como a não convocação para o jogo contra o Arsenal pela Champions League), Luis Enrique mudou Dembelé. Transformou o atacante com perfil de gênio preguiçoso em um dos melhores marcadores de saída de bola do mundo. Na final que consagrou o PSG, em Munique, uma imagem impressionou tanto quanto a goleada por 5 a 0 sobre a Internazionale: o olhar de predador de Dembelé esperando que o goleiro Yann Sommer tocasse na bola em um tiro de meta, para começar a pressionar os zagueiros. Foi ali que Luis Enrique viu que ele havia entendido o recado. Os 35 gols e 15 assistências da temporada foram fundamentais, é claro. Mas a Bola de Ouro não veio por causa dos números. Ela só foi possível porque o outrora prodígio entendeu que só a genialidade não o levaria ao topo. Dembelé pode até dizer que nunca esperou ganhar uma Bola de Ouro. Mas, pela forma como reconduziu a carreira, soube lidar com as decepções e liderar um time histórico, ele mereceu o prêmio.