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Neymara Carvalho Wahine Bodyboarding Pro Luna Hardman ArcelorMittal Circuito Mundial de Bodyboarding Joselani Amorim Alexandra Rinder Alice Teotônio Luana Dourado Hannah Saavedra Maria Padrela Instituto Neymara Carvalho IBC CBRASB

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é o que se pode chamar de uma lenda do . Pentacampeã mundial e dona de dez títulos brasileiros, faz de tudo e mais um pouco pelo esporte. Por trás do perfil de atleta, outras facetas da capixaba se fizeram presentes no ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025, que chegou ao fim no último sábado. A bodyboarder de 49 anos teve a oportunidade de disputar a etapa capixaba do Circuito Mundial de Bodyboarding em casa. Ela alcançou as semifinais do Wahine, mas acabou perdendo para a gaúcha Joselani Amorim, que disputou o título com Luna Hardman, filha de Neymara. Ao fim da bateria da semifinal, Neymara saiu do mar muito aplaudida. A praia de Solemar, na Serra, em Jacaraípe (ES), recebeu um bom público, que soube reconhecer a importância da atleta para o esporte como um todo. "O pessoal está aplaudindo na derrota e na vitória. Isso é massa, cara, muito maneiro. Fico muito feliz com isso. Eu vi que muitas pessoas, sem conhecerem muito do bodyboarding, vieram à praia para prestigiar. Isso mostra que o esporte está se expandindo, com pessoas que não conheciam vindo através da divulgação que a mídia está fazendo. Fico feliz com esse resultado de cativar mais adeptos e mais amantes para o esporte", afirmou Neymara em entrevista exclusiva à . Neymara é mãe de Luna Hardman, de 19 anos. Desde pequena, a jovem contou que tinha sua prancha de bodyboard e seus pés de pato, mas revelou que também buscou outros esportes em uma tentativa de 'sair da sombra' de sua mãe - afinal de contas, não é sempre que sua mãe é uma pentacampeã do mundo. Luna, porém, se apaixonou e escolheu o bodyboarding, fazendo a alegria da mãe. Neymara pôde acompanhar e auxiliar os primeiros passos da carreira da filha, que ainda está só começando. E neste ano, com a jovem recuperada de cirurgia nos ombros, as duas puderam disputar o Wahine juntas, na mesma categoria. A tão aguardada final entre mãe e filha não aconteceu, mas a emoção não foi pouca para Neymara. Do lado de fora da água, a pentacampeã mundial pôde acompanhar Luna na grande decisão da categoria profissional, na qual a jovem enfrentou a experiente Joselani Amorim. Ansiosa e muito emocionada, Neymara assistiu toda a bateria ao lado dos amigos de Luna e também da campeã mundial Alexandra Rinder. A atleta das Ilhas Canárias, inclusive, abraçou a mãe de Luna e a parabenizou pela conquista da filha. Nos segundos finais, todos fizeram uma contagem regressiva pela conquista da jovem, e Neymara brincou com gritos de "eu que fiz!". O perfil de Neymara Carvalho vai muito além da grande atleta e mãe que já se mostrou ser. A realização do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025 é justamente do Instituto Neymara Carvalho, projeto social da bodyboarder, junto à IBC (International Bodyboarding Confederation), com homologação da Confederação Brasileira de Bodyboard (CBRASB). Em razão disso, Neymara está sempre muito ativa nos bastidores e na organização do Wahine. Foi ela, por exemplo, quem organizou a compra das passagens de alguns dos convidados que atuaram no evento. Foram raros os momentos em que a organizadora parou para descansar. Não à toa, Neymara estava em constante conversa com os profissionais que trabalharam para fazer o evento acontecer. Na última sexta-feira, dia das quartas de final Pro Máster e semifinais Pro Júnior, ela adotou totalmente o papel de organizadora, uma vez que não precisou entrar no mar. A organizadora, inclusive, disse que já precisou dar muitas broncas para que as coisas saíssem conforme o planejado. É claro que imprevistos estão sujeitos a acontecer, como foi um caso que Neymara revelou à reportagem, mas o principal traço da atleta e sua equipe é a disposição na busca por soluções. "Já dei muita bronca, mas eu não gosto desse papel. Me dói muito, mas tem hora que tem que ser minha bronca, não dá para ser da Marcela [Rohsner], não dá para ser do Caveirinha, que está cuidando da parte estrutural. Tem hora que eu tenho que realmente ser a última palavra. E eu faço de tudo para que corra tudo bem. Eu sou super positiva, entendeu? Choveu, rasgou? Não, vai dar certo. A gente bota um pano. Já vejo a solução, sabe? No túnel ali, rasgou a lona que tinha no teto. Colocamos os panos trançados lá, foi ideia minha, mas assim, não é que ideia minha, porque vamos resolver, não vamos deixar feio. Aí eles acatam. Eu tive um problema nessa etapa com um fornecedor nosso, um ajudante, que ele chegou atrasado e ainda achou que estava na razão de ficar de bobeira. Falei: 'Vem cá. Ou é ou não é. Vambora. Ou trabalha ou sai'. Ai ele disse que iria sair. Eu tive que falar assim, sabe? Para eu chegar a ser brava assim, demora, mas eu também sou", contou. Apesar de todos os problemas, o Wahine se encerrou no último sábado com muita festa. Na visão de Neymara, essa foi a melhor edição em quatro anos de evento. O projeto nasceu em 2021 e teve sua primeira edição em 2022. "Na construção do Wahine, sempre tem dificuldades, sempre tem aquele medo de que não vou conseguir, como numa bateria. Sabe? Se deixar esse pensamento dominar, você perde. Eu e a Marcela, que é meu braço direito, somos muito positivas. E a gente busca a solução juntas. Eu passei por um processo de 'Ai, meu Deus do céu, será que vai? Será que não vai?' Medo por falta de patrocínio e tal. Mas acabou que entregamos o melhor Wahine de todas as edições, apesar de ter de termos tido dificuldades para realizar por conta da situação econômica do do país também", ponderou. "Como organizadora, estou 100% realizada, porque o evento foi entregue muito bem, e como competidora também [risos]", prosseguiu a atleta. Como atleta e organizadora, Neymara exerceu um papel de liderança nos bastidores do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro. Muitas vezes, essa função passou despercebida, mas voltou a ressurgir em pequenos momentos que lembram o porquê a pentacampeã mundial chegou onde está. Em parceria com o projeto Amigos da Jubarte, o Wahine organizou uma coleta de lixo coletiva na praia do Solemar, palco da competição na Serra, em Jacaraípe (ES). O movimento teve um início um pouco mais lento, mas ganhou força com a chegada de Neymara Carvalho. Embora ainda cansada após a bateria das quartas de final da categoria Profissional, a atleta virou a chave e assumiu a responsabilidade de liderar o movimento da coleta. Reuniu algumas atletas que ainda estavam no espaço do evento e colocou-as para 'trabalhar'. A contribuição de Neymara Carvalho para o bodyboarding é imensa, tanto dentro como fora das águas. Neste 2025, por exemplo, a atleta completou 30 anos de Circuito Mundial, feito que definitivamente não é para qualquer um. Ao longo da trajetória, ela fez o que sabe fazer de melhor longe dos mares: enxergou e escutou. Percebendo as necessidades para a evolução do esporte, Neymara passou a idealizar a criação do Wahine, sobretudo com o objetivo de elevar o patamar do cenário do bodyboarding como um todo. "Eu vi a necessidade do esporte. Por exemplo, quando eu vi a Luna começando a se interessar pelo esporte, a Bianca, o Guilherme [Tâmega], que são frutos do projeto, eu vi que não tinha categoria Gromeets no estado do Espírito Santo. Eu tive a oportunidade de realizar uma etapa única do circuito capixaba, o que eu fiz? Coloquei a categoria Gromeets. De quatro que foram para o pódio, três estão no Mundial Pro Júnior se destacando e agora como profissional, entendeu? Então, é você realmente olhar para dentro do esporte", explicou. Neymara também lutou pela criação da categoria feminina Pro Júnior. Nesta temporada, ela foi realizada em etapa única no Wahine e terminou com a portuguesa Alice Teotônio como campeã mundial, que superou a compatriota Luana Dourado na final. Outras jovens promessas também brigaram pelo título, como a peruana Hannah Saavedra e a portuguesa Maria Padrela. "Depois disso, eu vi que tinha Pro Júnior masculino, mas não feminino. Não é a minha filha somente, a gente têm atletas. Falei que iria brigar por isso, e fui a primeira a falar sobre isso no circuito mundial. E aí foi criada a categoria, que hoje é um sucesso. É etapa única? É, mas pelo menos temos 14 meninas disputando o título mundial. Antes, não tinha ninguém", disse a pentacampeã mundial. Mas por que o nome Wahine? A palavra significa 'mulher' na língua havaiana e destaca o resgate da conexão com os povos indígenas das ilhas do Havaí. Neymara conheceu o termo em sua primeira viagem ao local e se sentiu marcada por ele. Daí surgiu o desejo de criar uma competição com esta palavra. "As coisas foram gradativas. Construí no meio da pandemia uma etapa do brasileiro, que já era um projeto de ser o mundial, mas veio a pandemia, a gente teve que transformar no brasileiro. No último momento, eu tive a oportunidade de apresentar a ArcelorMittal, eles entraram, e fomos construindo isso", complementou. A categoria Máster feminina também foi um dos feitos conquistados por Neymara Carvalho. A brasileira se esforçou muito pela inclusão das mulheres no bodyboarding, e todo o trabalho tem sido recompensado. Nesta edição do Wahine, por exemplo, Joselani Amorim sagrou-se campeã mundial Máster. "Outro ponto, tinha a categoria Máster no circuito brasileiro masculino, não tinha a feminina. Quando eu fiz esse brasileiro, que era para ser mundial, falei: 'Não, vou botar categoria Máster, tem que ter'. Fiz um grupo com todas as minhas amigas daqui do Espírito Santo, convoquei, várias foram e foi criada a categoria. Eu acho que, se a gente volta a falar de legado, acho que o meu é estar atenta ao que o esporte necessita. Hoje, a gente tem campeã brasileira Máster, a gente tem campeã mundial Pro Júnior, porque eu eu bato no peito mesmo e falo: 'Eu olhei para o esporte'. Não desisti, como muitas e muitos desistiram, entendeu? Mas por falta de de oportunidade. Eu tive, graças a Deus, a oportunidade de estar construindo tudo isso junto aos meus parceiros", destacou. O esporte, por vezes, é encarado pelos atletas apenas como uma profissão. Para Neymara, porém, o bodyboarding é muito mais que isso. É uma paixão que, mesmo com a árdua caminhada, foi ganhando cada vez mais força. Nos bastidores, isso é vísivel. Em diversos momentos ao longo da competição, foi possível ver Neymara com lágrimas nos olhos - seja assistindo às baterias de Luna ou apenas vendo o público vibrar com as ondas surfadas pelas atletas no mar que banha a praia de Solemar. Sem deixar o lado atleta de lado, ainda torcia pelas companheiras, sobretudo na categoria Máster. "Minha vida é pautada dentro do esporte. Só de circuito mundial, são 30 anos. Antes, eu já competia no Brasil. Vivenciei muitas fases no esporte, muitas entidades e nomes trocados, nomes, entendeu? Desde a primeira sigla do circuito mundial. Acompanhei todas as mudanças até hoje, acompanhei várias carreiras de atletas e que hoje não estão mais no cenário por N motivos. Eu não fiquei estagnada, fui construindo cada momento. Isso vai dando mais amor, sabe? Porque você vai realizando cada vez mais", afirmou. Como já dito por aqui, ficou bem claro que Neymara não gosta de ficar parada e está sempre buscando a evolução do esporte. A capixaba fundou o Instituto Neymara Carvalho em 2005 com o objetivo de levar o esporte às crianças em vulnerabilidade social. Com 20 anos de atuação, a OSCIP é mais um sucesso na carreira da bodyboarder. "Antes, eu não tinha o instituto [Instituto Neymara Carvalho]. Ele é uma fonte de alegria, de gratidão, de retorno ao esporte gigantesca. Estou sempre em renovação de amor ali, tanto recebendo quando doando. A Luna crescendo e querendo estar no esporte me move, sabe? A querer construir o esporte, a querer fazer mais. E a minha própria carreira, a longevidade da minha carreira, também vem dessa vontade de querer estar, sabe? Não é porque eu não enxergo outra possibilidade ou não é porque eu não gosto. É porque esse é o caminho que eu sei fazer de melhor e que eu posso contribuir muito para o esporte. Aí vem o Wahine. Olha que coisa linda que é. O amor foi crescendo por causa dos projetos desenvolvidos, com certeza", afirmou. A busca pelo crescimento do esporte passa muito pela chegada de novas atletas ao cenário feminino do bodyboarding mundial. Filha de Neymara, Luna Hardman é um exemplo desta 'nova safra' da modalidade. Aos 19 anos, a jovem é bicampeã mundial Pro Júnior e atual campeã da etapa capixaba do Circuito Mundial. Outros nomes também estão em uma grande crescente, como são os casos de Alice Teotônio, campeã mundial Pro Júnior, e Luana Dourado, dona das duas únicas notas dez no Wahine. Até mesmo Namika Yamashita, que brigou até o último momento pelo título mundial, tem apenas 23 anos. A peruana Hannah Saavedra, a portuguesa Maria Padrela e a brasileira Bianca Simões também são mais destaques. A troca de experiências entre gerações do bodyboarding é muito comum. Neymara, inclusive, convive bastante e tem uma ótima relação com as meninas mais novas. A capixaba dá conselhos, elogia e tenta ajudar as atletas, prezando sempre pela competitividade saudável do esporte. "Eu adoro conviver, sabe? Muitas me chamam de mãe, tia Ney para lá, tia Ney para cá. Rasgo elogios quando eu vejo algo bonito e também aponto quando dão oportunidade e abertura de sinalizar que elas precisam fazer. Eu não sou e nunca fui aquela atleta de guardar, sabe? De guardar minha estratégia para mim, de 'o que eu sei fazer é só meu'. Eu sempre compartilhei, e acho que por isso que eu tenho tantas meninas que vêm até mim buscar um conselho ou uma dica. E essas pequenininhas, elas estão assim. Parece que nem pedem, mas elas olham já esperando que eu fale alguma coisa, sabe?", declarou a atleta. "Falo muito com a Luana Dourado, elogio muito, falo também o que precisa ser melhorado. A Constanza Soto também, que lá no Chile arrebentou. Antes de vir para Jacaraípe, eu falei: 'Olha, tem que melhorar os 360 agora, para você arrebentar lá e tal'. A Hannah pega altos tubos e melhorou muito. Todas essas meninas, que antes eram pouquíssimas e agora são mais de 10, estão rodando o profissional também. De certa forma, eu procuro ajudar, sabe? Procuro acolher. Sinto que elas gostam desse acolhimento também, independente de viajar com os pais, os técnicos e tal. Estou aí para vibrar com elas", ampliou. Neymara Carvalho nasceu no dia 1º de abril de 1976, em Vila Velha (ES). No ano que vem, completará 50 anos de idade, sendo 30 apenas de Circuito Mundial. Tem uma filha seguindo seus passos no bodyboarding e conquistou o mundo cinco vezes, além, é claro, dos dez títulos brasileiros. Ela já tem seu legado consolidado na modalidade. Entretanto, apesar de já ter ganhado tudo e mais um pouco, a história de Neymara no bodyboarding ainda está longe do fim - seja dentro ou fora dos mares. "Acho que eu aproveitei as oportunidades, os espaços. Realmente me coloquei na construção do esporte como um todo, não só como uma carreira individual, sabe? Quando fui pentacampeã mundial, eu já tinha conquistado tudo o que eu almejei. Ia para um circuito na Rio de Janeiro e conseguia ser campeã. Mesma coisa no circuito paulista. Até na Pororoca eu sou campeã brasileira. Já ganhei o circuito europeu, circuito mundial, circuito brasileiro 10 vezes. O que mais eu preciso buscar? Eu não preciso buscar. Eu quero continuar, quero estar. Isso me move, sabe? Estar em atividade, fitness, saudável. Estou passando pela transição de menopausa já, acho que nenhuma atleta no mundo que esteja em atividade está nesse momento. São coisas novas. Mas não penso no legado, penso na vida em movimento. Em estar dando continuidade e ocupando os espaços", contou com exclusividade à G . Em conversa recente, Neymara se disse muito feliz pelas finais do Wahine terem atraído um grande público não ligado ao esporte à praia de Solemar. Ela deixou claro que quer trazer cada vez mais gente para prestigiar o bodyboarding, como já aconteceu no passado. "Eu não penso sobre o legado, mas eu sei que já está construído, já está consolidado. E acredito que possa ser construído mais coisas em prol do esporte, sabe? Eu quero muito ver mais adeptos. Eu quero ver muito público na praia assistindo. No Wahine, quando chegava gente que não era esportista e eu via que as pessoas estavam vindo através da mídia, eu falava: 'Gente, que irado'. Não por ego próprio, mas olha, está movendo, as pessoas estão vindo. Eu já vivi isso no passado, sabe? De sair da Barra da Tijuca com segurança, porque era muita gente por causa da mídia. E movimentava assim, estava no auge como o surfe hoje, né? E eu não desisti. Muitas desistiram. E estou começando a ver que pelo menos no Wahine, isso está reverberando de alguma forma. Estamos achando o caminho de novo", valorizou. Tendo conquistado tudo e mais um pouco aos 49 anos de idade, Neymara Carvalho já começa a traçar os próximos passos da carreira. A atleta não tem nenhum plano de aposentadoria definido, mas relatou que se enxerga atuando cada vez mais na gestão para a construção do bodyboarding. "Eu não tenho uma data para isso [aposentadoria], ainda mais depois de uma vitória dessas contra a Namika. Eu me enxergo fazendo uma transição de carreira, sendo aquela real mãezona de um time do instituto, viajando, cuidando, levando e sendo mais do que uma treinadora. Mas mais de gestão, sabe? De poder carregá-los. Muitos não conseguem por falta de apoio, de patrocínio. Eu visualizo muito claro que isso pode ser uma coisa que aconteça naturalmente. Na minha própria transição, eu venho estudando, me qualificando para apresentar uma palestra motivacional, para todas as classes e pessoas, porque eu acredito muito na minha história, na transformação que o esporte fez na minha vida. Acho que isso é fonte de motivação para crianças, adolescentes, empresários. Também na gestão, eu já estou incluída nos dois conselhos, tanto no Brasil quanto na IBC. Ajudo a construir, a dar opinião. Sou representante das atletas no circuito mundial. Automaticamente, eu fui ocupando esse espaço. Eu passei por uma fase na carreira política e só tive certeza que o meu lugar é no esporte", analisou. Neymara ainda se vê em capacidade física de disputar um título mundial e, inclusive, já chegou a avisar seu psicólogo de que quer trabalhar para isso. Para isso, porém, será necessário uma organização detalhada de calendário, avaliando com cuidado todas as etapas. "Eu tenho a minha preparação que estou fazendo para quando esse momento [de aposentadoria] chegar. Mas se você me perguntar uma data... Falei uns anos atrás que seria lindo encerrar a carreira com 50 anos. Posso continuar falando, mas eu queria encerrar ainda com o título mundial, sabe? Uma vitória dessas contra a Namika, um terceiro lugar em Portugal, fiquei bem colocada no Chile... Eu acredito que tenho capacidade de brigar pelo título mundial, e não só ser uma top 8 do circuito mundial, mas tudo tem que estar realmente bem organizado, como eu consegui organizar aqui no Wahine. Se eu fosse disputar o título mundial com 50 anos e ganhar ou perder, eu vou estar com gás ainda para continuar [risos]", projetou. Fato é que o futuro ainda está distante e, no momento, Neymara não tem planos de parar. Após a última etapa do Circuito Mundial, concluída no último sábado, ela tirará um mês de férias para se recuperar e, já em novembro, dará início aos preparativos de pré-temporada. "Já tenho toda minha programação para a próxima temporada de 2026. Outubro é férias, não quero nem ligar o celular. Quero dar esse break para realinhar as coisas. Mas já estou com preparação física agendada para novembro, para fazer toda a pré-temporada para entrar com tudo em 2026. Vou fazer 50 anos, e mais um ano de tour mundial", explicou a bodyboarder. Se como atleta Neymara já tem um plano definido para 2026, como organizadora o cenário é um tanto distinto. Ainda não há nenhuma estratégia definida para a próxima edição do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro. A vontade, porém, é organizar tudo com excelência novamente. Neymara revelou que ainda não há nenhuma definição, mas têm alguns sonhos que ainda gostaria de realizar. Tudo depende, entretanto, da viabilidade financeira. "Eu penso na construção do circuito mundial mesmo da categoria PCDs, sabe? Porque até hoje a categoria é de inclusão, não é título mundial em jogo. Mas eu gostaria que deixasse de ser a etapa única que fizesse essa categoria, mas que contaminasse outros pelo mundo. Claro que envolve dinheiro, envolve a dificuldade das atletas de viajarem, mas talvez a gente revelar pessoas nos outros países também e dar visibilidade, enxergar que eles também podem fazer através do exemplo do Wahine. São coisas que a cabeça vai a mil, entendeu? As coisas vão acontecendo e e eu vou pescando. O motivo de ter área kids desse ano... no ano passado, uma criança chegou para mim: 'Tia, não tem brinquedo aqui?'. E eu fiquei: 'Verdade, pô, não tem um pula-pula aqui, sacanagem'. Aí esse ano, teve até bodyboard mecânico. Por que? Porque eu escutei. Eu acho que a maior qualidade é escutar e tentar viabilizar. Claro que dentro das condições mínimas de poder executar. Tudo se resume a isso, a fazer as coisas com amor. Isso é repetitivo na minha vida, falo para caramba, mas não tem outra resposta, sabe? Eu gosto muito", concluiu Neymara. Uma coisa é certa: seja dentro ou fora d'água, Neymara ainda tem um caminho muito longo para trilhar pela frente. E o mais importante de tudo: faz tudo com muito amor e carinho.