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A véspera no Palmeiras teve cara de prólogo de final: líder com 61 pontos encara o vice, o Flamengo, com 58 no Maracanã, às 16h, e a cidade respirou essa contagem regressiva [ , , ]. Nas ruas, o assunto foi ingresso: a carga visitante ficou em 1,7 mil bilhetes (cerca de 2,5% da capacidade), o que frustrou Mancha Verde e Savoia; a primeira, que planejava 30 ônibus, deve partir com 18 a 20; na segunda, só 20 de 400 conseguiram comprar. A caravana alviverde sai de madrugada, por volta das 3h, enquanto milhares se concentram em São Paulo, nos arredores do Allianz Parque — Rua Palestra Itália e Rua Caraíbas — à espera dos telões. Bandeirão, balões e instrumentos seguem na dependência do Bepe [ ]. No gramado, a leitura é de equilíbrio. PVC projetou duelo técnico sob céu nublado e lembrou que o Palmeiras não vence o Flamengo no Maracanã desde 2015; ainda assim, o retrospecto geral é parelho, e a partida carrega cara de xadrez de Abel Ferreira [ ]. A conversa também ganhou ares de mesa de bar: virou ‘Real e Barça’ do Brasil? Os números sugerem que a dupla se distanciou, mas sem o domínio espanhol: juntos, venceram cinco de sete Brasileirões recentes, têm aproveitamentos na casa dos 60% e, nesta temporada, chegam como ‘final antecipada’ com o Palmeiras também vivo na Libertadores — semifinal contra a LDU [ ]. No mercado, o enredo é de estilos opostos. O Flamengo abriu o cofre por Samuel Lino, Carrascal e Emerson Royal, enquanto o Palmeiras, após vender Endrick, Estêvão e Vitor Reis, reforçou a lógica dos jovens com potencial de revenda — mas também acertou com Andreas Pereira e Lucas Evangelista, além do investimento em Vitor Roque. A cereja foi o ‘chapéu’ por Andreas, fechado por cerca de 10 milhões de euros [ ]. Fora das quatro linhas, a briga também é por fôlego financeiro. O Flamengo caminha para receitas perto de R$ 2 bilhões; o Palmeiras surfou o salto bilionário com vendas e, somados, os dois abocanharam R$ 2,4 bilhões das receitas de 2024. Modelos distintos de reestruturação sustentam a rivalidade que extrapola o placar [ ]. Entre os personagens, Andreas Pereira volta ao Maracanã para encarar o ex-clube, o Flamengo, pela primeira vez com a camisa do Palmeiras. O meia, marcado pela falha na final da Libertadores de 2021, disse que o episódio ficou no passado e já soma dois gols e uma assistência em nove jogos pelo Verdão [ ]. Do elenco atual, Mauricio ganhou minutos e vive o raro ‘duplo-duplo’: 10 gols e 11 assistências. Sem perder o tom, ele cravou o óbvio que alimenta a tensão: há rivalidade, o adversário lidera ataque e defesa da competição, e a oportunidade é de abrir vantagem no Brasileirão [ ]. Com ônibus roncando na madrugada, faixas no varal e a massa a postos nos telões do Allianz Parque, o domingo já tem roteiro: o Palmeiras que lidera, a disputa que move cifras e corações, e um clássico que pede sangue frio e coração quente [ ].