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No último sábado, o chegou ao fim. Se dentro d'água as atletas entregeram tudo, nos bastidores isso não foi diferente. O foram fundamentais para concluir a quarta edição do evento com excelência. Não são poucos os pontos a serem levados em consideração ao se organizar uma etapa do Circuito Mundial de Bodyboarding. Estrutura para árbitros e atletas, deslocamento e detalhes de logística são apenas alguns fatores que precisam de maiores cuidados. A estrutura de som e das bandeiras também foram fundamentais, sobretudo para as atletas. Por meio delas, as bodyboarders ficavam sabendo das notas necessárias para a classificação e, também, o tempo restante das baterias. A bandeira verde sinalizava o início da bateria, e a amarela indicava os cinco minutos finais da disputa. Organizadora do evento e semifinalista na categoria profissional, Neymara Carvalho deu mais detalhes sobre a produção por trás do Wahine. O torneio foi realizado pela primeira vez em 2022 e vai para sua quinta edição em 2026. Na visão da atleta, o evento deste ano foi o melhor até o momento. "O Wahine é desenvolvido através de duas frentes. Através de dinheiro, patrocínio direto e patrocínios através da Lei de Incentivo. No Espírito Santo, tem uma Lei de Incentivo ao esporte estadual. Então, a gente trabalha com essa Lei. Saindo o edital da Lei, a gente já procura escrever o projeto, colocar o teto máximo da Lei e buscar empresas parceiras para ir pela Lei. E também, paralelo a isso, buscando a renovação do nome do evento com a ArcelorMittal, sabe? Construindo junto com eles desde sempre. Eles são muito parceiros na construção do evento, de ajudar mesmo, falando: 'Olha, eu acho que isso funciona, acho que isso não' e tal", explicou Neymara em entrevista exclusiva à . "Agora, o Wahine já está com quatro anos, e está com um corpo mais independente também. A gente está projetando o 2026 em ampliar, sempre pensando em ampliar, mas também de olho na situação econômica das empresas, situação econômica do país, do estado, para não dar um um passo maior que a perna. Queremos realmente conseguir manter o nível de excelência que a gente vem tendo de ganhar como melhor etapa, aquela coisa toda", complementou. Luna Hardman (categoria profissional), Joselani Amorim (Máster) e Alice Teotônio (Pro Júnior) foram as ganhadoras do evento. Ao ser realizado em setembro deste ano como última etapa do Circuito Mundial, o evento também consagrou Alexandra Rinder como a grande campeã mundial. O clima que rondava os bastidores do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025 era de muita leveza. O bom humor e a confraternização entre as atletas estiveram em alta. Muitos funcionários, inclusive, trabalhavam com um sorriso no rosto, mesmo com a correria do dia a dia. A equipe de produção também não para um minuto sequer. Alguns chegavam a gravar dentro d'água, quase literalmente no meio do mar. Todos trabalharam em conjunto, produzindo também bastante conteúdo a rodo com as atletas, como entrevistas pós baterias e conteúdos para as redes sociais. É praticamente impossível fazer um evento acontecer sem nenhum contratempo. Imprevistos acontecem a todo momento, e na praia de Solemar, em Jacaraípe (ES), isso não foi diferente. A chuva durante a madrugada, por exemplo, prejudicou um pouco a estrutura montada na praia. Contudo, o que se via nos bastidores era uma rápida movimentação em busca de soluções. Uma das lonas que estava no teto rasgou. O buraco foi rapidamente tampado com panos trançados. A chuva também encheu de água os toldos que compunham a estrutura, mas os funcionários conseguiram tirar a água acumulada. "Só esse sol aparecendo aí para provar que foi um evento de sucesso [risos]. Em nome da IBC, agradecer à Neymara, a todas as atletas. O João Bosco [diretor da ArcelorMittal] e toda equipe que está por trás dele, o Secretário de Esportes [José Carlos Nunes], o Prefeito [Weverson Meirelles]. Um evento, para ser tecnicamente perfeito, tem que ter as condições para ser tecnicamente perfeito. O produto que a gente quis entregar, em respeito às atletas e aos patrocinadores. Buscamos as melhores condições, o melhor cronograma possível. E acho que venceram as melhores. A gente só agradece, e 2026 está aí", discursou ao final do evento Chico Galletano, representante da IBC (Internacional Bodyboarding Corporation) e . As brincadeiras também rolaram solta nos bastidores, principalmente entre as atletas. A diversidade de nacionalidades foi tamanha que era possível registrar conversas em línguas como português, inglês, espanhol, francês e até mesmo japonês. A comunicação ativa entre os organizadores também foi peça chave para o sucesso do evento. Neymara Carvalho conversava o tempo todo com Marcela Rohsner, sua amiga e 'braço direito', para entender quais eram as maiores necessidades e os pontos que precisavam de maior atenção. "O Wahine não é só um evento específico. Ele reúne toda a comunidade feminina, não só dentro do mar, mas fora também. Não apenas no pessoal que está na operação, mas também com o pessoal que está por trás, ajudando a organizar o evento. O Wahine busca isso também. Seja nas locutoras do evento, na parte externa e na parte da web. Esse casamento faz toda a diferença no Circuito Mundial", afirmou Stéfano Triska, presidente da Confederação Brasileira de Bodyboarding (CBRASB), à . O acolhimento entre as atletas também foi parte importantíssima do ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025. Não foram poucos os momentos de celebração entre as bodyboarders. A rivalidade foi, inclusive, muitas vezes deixada de lado em prol do amor pelo esporte. As emoções estiveram à flor da pela em diversos momentos da competição. Na bateria das quartas de final, por exemplo, Namika Yamashita foi derrotada por Neymara Carvalho e deixou o mar chorando. A capixaba percebeu a situação da japonesa e foi rapidamente consolá-la, deixando a comemoração da vaga em segundo plano. A derrota de Namika fez com que Alexandra Rinder se sagrasse campeã mundial pela terceira vez. Neymara já revelou que, no fundo, torcia pela atleta das Ilhas Canárias para reinterpretar um momento de sua carreira individual, mas nem por isso deixou de falar com a japonesa. "Não é só uma competição. Claro que a campeã vai ter uma experiência de ser campeã e de ter vivido todos os momentos interessantes. [Vencer a Namika] foi um momento altíssimo. Ver a vibração da Alexandra, ver o choro da Namika. Cara, isso é vida, sabe? Ao mesmo tempo que eu fui parabenizar a Alexandra por tudo que eu já contei, eu fui lá falar com a Namika. Eu pedi desculpas e disse: 'Namika, eu demorei oito anos para ser campeã mundial a primeira vez. Calma, você é muito boa. Eu tenho certeza que vai ser campeã mundial em breve, porque você é muito boa'. Essas foram as minhas palavras para ela, sabe? Porque eu fiquei com dó da bichinha. E eu acho que é isso, sabe? O Wahine não é só a competição, é a empatia também", afirmou Neymara. Outro bonito momento foi entre as portuguesas Catarina Sousa e Alice Teotônio. As duas conversaram e se abraçaram antes da bodyboarder mais experiente entrar na água na semifinal da categoria Máster. Mais tarde, Cata Sousa conversou brevemente com Alice e Luana Dourado antes das duas caírem no mar na final da Pro Júnior. De modo geral, o clima entre as atletas foi muito positivo. Na bateria da semifinal profissional, Neymara deixou o mar eliminada, mas aplaudindo a rival Joselani Amorim. Já após a decisão da Máster, Joselani e Maylla Venturin se abraçaram por longos minutos à beira da praia. "É um clima muito leve, uma confraternização mesmo. São atletas de diversas idades, da categoria Máster, PCDs. É só você chegar aqui na área das atletas para ver a alegria delas. Independente da rivalidade dentro d'água, fora do mar é uma união enorme. A maioria das atletas, mesmo sendo rivais dentro d'água, ficaram no mesmo hotel. Trouxeram todo esse trabalho em equipe, que é o que faz a diferença no Wahine", disse Stéfano Triska. O apoio familiar garantiu muita força às competidoras das três principais categorias no Wahine. Luna Hardman, por exemplo, tinha a mãe Neymara Carvalho ao seu lado a todo momento - afinal, ela também competiu. A avó da jovem atleta também estava presente na grande final. Outro exemplo são os pais da atleta Hannah Saavedra, que a acompanharam na disputa da categoria Pro Júnior. O pai parecia mais ansioso que a menina: orientou o aquecimento dela, gesticulou muito à beira da praia e até levantou a prancha para passar informações. Ao final, terminou orgulhoso do pódio da filha. Mais uma figura paterna muito ativa nos bastidores foi o pai de Luana Dourado. Ele conversou muito com a promessa de 16 anos e, antes da bateria das semifinais, lhe deu um beijo na testa para desejar boa sorte. Cenas de carinho genuíno não faltaram no Wahine. Por fim, outro bonito momento foi entre Joselani Amorim e sua mãe. A atleta veio do Rio Grande do Sul acompanhada da mãe e da filha. Ao sair da água depois de sagrar-se campeã mundial Máster, correu para os braços da família muito emocionada. O Wahine, em suma, se define não como uma simples competição, mas como uma confraternização. Ao longo de oito dias, o evento promoveu diversos valores, como inclusão social, valorização do esporte feminino, empoderamento e troca de experiências entre gerações. "Ah, o Wahine é um campeonato muito especial. Eu gosto muito das ondas. Tem gente que fala que não gosta, que é uma onda fraca, mas eu acho que a onda dá a possibilidade para as atletas mostrarem a base do esporte, que é o mais bonito - é você dançar na onda e desenhar ela. Então, a onda é um ponto que eu gosto muito. Toda a representatividade feminina que o campeonato traz, a inclusão social e socioambiental. É muito mais que um campeonato, é realmente uma confraternização entre gerações, porque a gente tem desde as lendas do nosso esporte, com as meninas do Pro Júnior. Eu passei essa coroa para uma delas. Então, é mais que um campeonato para mim", afirmou a campeã do Wahine, Luna Hardman, com exclusividade à . Alexandra Rinder e Luana Dourado também confirmaram o sentimento de Luna. A atleta das Ilhas Canárias destacou a importância da competição para mostrar o poder da mulher, assim como a jovem atleta portuguesa. "O Wahine significa muito para todas que estão aqui. Ser uma mulher forte e poder mostrar que também somos muito boas no esporte. Acho que é um grande movimento que nós fazemos e deveríamos mostrar muito orgulho de sermos mulheres e sermos fortes como somos", celebrou Alexandra. "Estou muito feliz por estar aqui. É sempre muito bom voltar aqui ao Wahine, que é uma competição apenas feminina. Acho que mostra um pouco da força que o bodyboard feminino tem conquistado e isso é muito bom", complementou Luana Dourado. O ArcelorMittal Wahine Bodyboarding Pro 2025 ainda terminou com chave de ouro com a . Foram quatro duplas nas águas que banham Jacaraípe: Além disso, a competição também trouxe a categoria PCDs. Carla Cunha (Amputadas), Renata Bazone (Deficientes Visuais) e Tiana Dantas (Mastectomizadas) saíram como as grandes campeãs. "Dá muito poder à mulher, sabe? É empoderamento mesmo. É o sentimento que eu tenho, que me é transpassado através da maioria das atletas. É com muita força, assim, de quero ganhar o Wahine, quero ser a maior nota do Wahine, quero reencontrar as meninas que eu só vejo uma vez por ano. Quero vibrar na praia, viver a experiência de estar assistindo e torcendo para a categoria PCD. Eu acho que é muito além do individual, é um coletivo. É o maior coletivo de bodyboarding feminino mundial. Quando tem muitas mulheres juntas, pode dar muito problema? Pode. Mas elas estão vindo sabendo que é amor, que é troca, que é uma vivência. Acho que é essa a palavra: é uma experiência", destacou Neymara Carvalho. "É uma emoção muito grande em ver todo esse investimento. Toda essa criançada, a galera da Máster, os profissionais reunidos com um único objetivo: a competição e o trabalho em equipe. É um evento exclusivo das mulheres, que traz uma premiação muito boa, premia diversas categorias. Eu acabei conversando com a mãe de uma atleta do Rio de Janeiro, e foi a primeira vez que ela veio para o evento, recebeu um incentivo financeiro e vai reinvestir. Saber da importância que tem esse evento, da importância que a ArcelorMittal e o Instituto Neymara Carvalho fazem para o crescimento do esporte. É uma sementinha muito grande que já foi plantada e agora está sendo colhida. Com certeza dará mais bons frutos no futuro", finalizou Stéfano Triska, presidente da (CBRASB).