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Figura histórica do atletismo mundial, foi o primeiro convidado de peso da COB Expo 2025. Nesta quarta-feira, o norte-americano conversou com atletas, fãs do esporte e imprensa presentes no auditório da Sala Los Angeles do Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo (SP). A plenária "Carl Lewis: a Excelência de uma Lenda Olímpica!" com o ex-atleta foi o principal evento do primeiro dia da COB Expo. Durante uma longa conversa com todos os presentes, o norte-americano contou alguns detalhes de sua trajetória no esporte, além de bastidores da carreira. Lewis pareceu muito feliz em retornar ao Brasil. O norte-americano se mostrou alegre sob os holofotes. Em determinado momento, chamou todos os atletas presentes para fazer uma demonstração de um salto em distância que lhe rendeu uma medalha. Ele ainda estendeu a coletiva e abriu para mais perguntas após o indicativo do fim. "Obrigado por me receberem. Estive aqui outras duas vezes. Na primeira, em 1980, estive em São Paulo. Tenho uma boa relação com o Brasil. Estou muito animado por estar nesse evento, muito obrigado por todo o apoio. Estou muito ansioso por Los Angeles 2028 também", afirmou o ex-atleta. Posteriormente, já após o final da conversa, Lewis foi brevemente homenageado pelo presidente do COB, Marco Antônio La Porta, e pela vice-presidente do Comitê, Yane Marques. Ele recebeu um quadro com uma arte sua. Carl Lewis relembrou detalhes sobre seus primeiros contatos com o atletismo. O ex-atleta destacou a importância do incentivo familiar para a construção da carreira de sucesso, e contou que começou a pegar gosto pelo esporte graças à mãe. "Eu tive uma infância interessante, com pais maravilhosos. Nasci no Alabama, mas me mudei para Nova Jersey ainda muito novo. Eu fui um atleta que me desenvolvi muito devagar. Como criança, eu era bem devagar. Era baixinho, e minha irmã era alta [risos]. Então, até os 16 anos, eu estava apenas competindo com ela [risos]. Foi uma boa experiência. Minha mãe começou um clube de corrida para garotas, então foi assim que eu me envolvi, em 1969, com o esporte. Sendo uma criança de apenas oito anos, indo aos treinos, assistindo seus pais treinarem 200 crianças ou mais, e sendo parte disso, aprendi muitas coisas. Não apenas sobre esportes. Acho que fizeram um bom trabalho me convencendo [risos]", contou Carl Lewis. Nem todos os atletas despontam ainda muito novos, como foi o caso de Carl Lewis. O norte-americano demorou a encontrar seu potencial quando criança e só foi desenvolver a melhor técnica no atletismo ao entrar nos anos finais da adolescência. O incentivo dos pais, neste sentido, foi fundamental. "De repente, comecei a crescer. E quando eu era pequeno, eu vi que não era muito bom, mas meus pais diziam 'Você vai ser grande um dia'. E eu sabia que minha mãe estava mentindo [risos], mas ela continuava dizendo isso. Então, continuei trabalhando duro e eu tinha a melhor técnica, mas não era tão rápido, então não ia muito longe. Mas quando comecei a crescer, fiquei mais rápido e comecei a pular, porque estava aprendendo a técnica. E foi algo incrível. Quando olho para trás, parece que minha vida foi preparada para ser o que é. Quando eu tinha 17 anos, eu era confiante e dizia que queria ser o melhor do mundo, mesmo com essa idade [risos]", disse. "Acho que a mensagem que quero passar é como tratamos, motivamos e incentivamos os atletas mais novos. Isso é importante, porque quando eu era pequeno e não era muito bom, não me falaram para desistir. Falavam: 'Bom, se você está em último lugar, o único jeito é conseguir outro lugar para melhorar'", prosseguiu. Carl Lewis construiu uma carreira de grande sucesso dentro das pistas de atletismo. O norte-americano brilhou nas pistas nas décadas de 1980 e 1990 e conquistou, ao todo, dez medalhas olímpicas, sendo nove medalhas de ouro e uma de prata. Como todo esportista, Lewis tinha suas próprias supertições antes e depois de entrar nas pistas para uma disputa. O ex-corredor revelou que tinha um par de tênis diferentes para cada modalidade em que competia, e possuía também toda uma ordem de vestimenta antes de uma prova. "Como disputava modalidades diferentes, eu tinha tênis diferentes para cada uma. Então, um par de tênis novos toda semana, assim como em toda competição. O tênis de salto em distância era um, o tênis dos 100 metros rasos era outro. No dia anterior, eu tinha uma cadeira e colocava os tênis, aí colocava o uniforme na cadeira em ordem reversa. Colocava a roupa de baixo, depois a camiseta, depois a meia-calça, depois o shorts, a jaqueta. Aí, eu colocava o tênis que usaria no dia seguinte. Tinha vezes em que disputava o salto em distância e os 100m no mesmo dia. Ou os 200m num dia e os 100m no outro. Fazia isso para colocar na minha cabeça que cada evento era diferente", revelou. A mentalidade vencedora de Lewis era tamanha que fazia com que o ex-atleta não levasse para casa os uniformes utilizados ao longo de uma competição. A mãe, porém, fazia esse trabalho por ele. "A segunda coisa era que, na noite anterior a qualquer competição, eu pensava enquanto estava adormecendo. Se eu fosse correr os 100m, eu fechava os olhos e pensava: 'Ok, preciso correr nos blocos'. Outra coisa, eu também não levava os uniformes após as competições. Os deixava no vestiário. Mas minha mãe sempre vinha e os levava, porque ela não perdia um evento [risos]. No meu mindset, quando o evento acabava, tudo acabava também. Se penso no ontem, não vou pensar no amanhã", complementou. Carl Lewis chegou ao lugar mais alto do pódio quatro vezes nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984, igualando o feito de Jesse Owens em 1936. O ex-atleta ainda venceu o salto em distância em quatro edições consecutivas das Olimpíadas, estabelecendo um recorde inédito. Com uma carreira de sucesso, Carl Lewis olhou para trás e elegeu sua primeira medalha como a mais especial da carreira. O ex-atleta levou seu primeiro ouro competindo justamente em casa, na disputa dos 100 metros rasos das Olimpíadas de Los Angeles. O motivo? Os pais na arquibancada. "A [medalha] mais especial, para mim, é a primeira. Em Los Angeles, nos 100 metros rasos. Têm duas razões em especial. Primeiro, eu competia por quatro medalhas de ouro. E se você perde a primeira, mas ganha as outras três, na mente de todos, você falhou. É estranho, mas é assim. E a segunda é que, meu pai faleceu, então ele só me viu em uma Olimpíada. Foi o único evento em que vi os meus pais nas arquibancadas para os 100 metros. Quando ele faleceu, a única coisa que eu conseguia pensar era vê-lo na arquibancada, me assistindo correr, e como ele estava feliz", relembrou Lewis. Não à toa, o norte-americano confessou que a medalha foi enterrada junto com seu pai, que faleceu em 1987. "As minhas medalhas [seja de prata ou de ouro] estão todas no mesmo lugar [risos]. Eu doei todas as medalhas para o Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana para que o público pudesse vê-las. Já minha primeira medalha de ouro, eu enterrei junto com meu pai", concluiu o ex-atleta. ? 24 a 28 de setembro de 2025 ? Pro Magno Centro de Eventos - Av. Pfa. Ida Kolb, 513 - Jardim das Laranjeiras, São Paulo - SP, 02518-000 ? Evento gratuito | Entrada social: 1kg de alimento não perecível e retirada de ingresso no site ? Mais informações: www.cobexpo.com.br | @cob_expo